15.04.2013 Views

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

242 diAcríticA<br />

A nossa <strong>do</strong>ença, a nossa militância (…)<br />

Atropelo um peão (…)<br />

baby, eu sei que ele não sente<br />

Liebschen, ele nem trabalha<br />

(«Freud & Ana», in os homens não se querem bonitos, 1985)<br />

em «Motor», um único anglicismo (aliás integra<strong>do</strong> no léxico<br />

português) surge isola<strong>do</strong> no texto – «Ser fashion victim, ven<strong>de</strong>r uma<br />

imagem / Mesmo que fique mal» (in mosquito, 1998) – ao passo que<br />

na faixa «To miss» (a qual brinca com a duplicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> lexema «miss»<br />

nas suas vertentes verbal e nominal, cf. miss mid-West), o processo é o<br />

inverso, sen<strong>do</strong> o inglês a <strong>do</strong>minar e o português a surgir, a espaços, em<br />

apartes eróticos, numa ladainha raiada <strong>de</strong> energia e excesso:<br />

• To Miss<br />

Missing Miss<br />

Miss Margarina<br />

Miss Banlieu<br />

Miss Coitos interruptos<br />

Shine Shine Shine Shine<br />

Diva Divine<br />

Deep Diva Divine (…)<br />

Missing Mystery Girl<br />

Deviation Divine<br />

The Diva Shines<br />

(«To miss», in Psicopátria 1986)<br />

3. «Prometo não falar <strong>de</strong> amor»:<br />

Percursos temáticos e contradições<br />

embora variega<strong>do</strong> e polifacético, o universo lírico <strong>de</strong> Rui Reininho<br />

revela alguns itinerários temáticos que se repetem, <strong>de</strong>senhan<strong>do</strong> vectores<br />

paralelos que por vezes chocam e outras convergem. Des<strong>de</strong> logo,<br />

surge o amor em formatações diversas. Já acima vimos, em «Cerimónias»<br />

e «Choque Frontal» (ambos in Psicopátria, 1986), a sua faceta<br />

<strong>do</strong>rida e <strong>de</strong>senganada, feita <strong>de</strong> «distracções, insincerida<strong>de</strong>s e pequenas<br />

cruelda<strong>de</strong>s». Mas o fantasma da mentira também se <strong>de</strong>senha em<br />

«Homens temporariamente sós», numa promessa <strong>de</strong> silêncio que é<br />

também um lamento:<br />

•<br />

Prometo não falar <strong>de</strong> amor, <strong>de</strong> gostar e sentir<br />

Portanto não vou rimar com <strong>do</strong>r ou mentir (…)<br />

(«Homens temporariamente sós», in Ví<strong>de</strong>o maria, 1988)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!