15.04.2013 Views

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

o NONSeNSe que fAz senti<strong>do</strong>(s)<br />

Para te colar.<br />

Retrato opaco <strong>conto</strong>rno <strong>do</strong>ce e nu<br />

Corpo aqueci<strong>do</strong> a gás;<br />

Mo<strong>de</strong>lo buraco negro pouco vivo<br />

Frutos como romãs<br />

(«Tons sem tom», in Popless 2000)<br />

247<br />

Mas não é só a visão o senti<strong>do</strong> que exprime o amor sensual nas<br />

líricas <strong>de</strong> Rui Reininho. O paladar, pois então, também marca presença,<br />

como po<strong>de</strong> ver-se nesta passagem <strong>de</strong> iniludível «sabor» erótico:<br />

• Sabem a rebuça<strong>do</strong>s esses lábios duros<br />

Servem-se culpa<strong>do</strong>s molha<strong>do</strong>s e maduros.<br />

São óculos escuros por vezes naturais<br />

São chochos impuros lingua<strong>do</strong>s a mais<br />

(«Óculos escuros», in <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cisnes, 2002)<br />

Já em «quebra-gelo», é o tacto, alia<strong>do</strong> ao gosto, que marca a<br />

vivência <strong>do</strong> amplexo amoroso. Contu<strong>do</strong>, a antítese entre o calor <strong>de</strong>le<br />

e o gelo <strong>de</strong>la <strong>de</strong>monstra que a canção é uma narrativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>cepção e<br />

fracasso. A amante alegadamente frígida surge metaforicamente referida<br />

como um «navio naufraga<strong>do</strong>»:<br />

• Avanço por aí<br />

No gelo salga<strong>do</strong><br />

O meu hálito <strong>de</strong>rrete<br />

O teu corpo congela<strong>do</strong>.<br />

A corrente quente<br />

que <strong>de</strong> mim jorra (estrangula<strong>do</strong>)<br />

Deixa-te indiferente<br />

Um navio naufraga<strong>do</strong>.<br />

(«quebra-gelo», in <strong>de</strong>feitos especiais, 1984)<br />

Mas nem tu<strong>do</strong> é pessimista nos amores <strong>do</strong> poeta. A faixa «Asas<br />

(eléctricas)», por exemplo, <strong>de</strong>screve o amor que <strong>de</strong>sponta, pleno <strong>de</strong><br />

energia e vigor, sem fim à vista nem prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>:<br />

• Há um amor que vês nascer<br />

Sem prazo, ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acabar<br />

Não há leis para te pren<strong>de</strong>r<br />

Aconteça o que acontecer<br />

(«Asas (eléctricas)», in Popless 2000)<br />

A manifestação mais crua da temática amorosa nas líricas <strong>de</strong><br />

Reininho parece ser a <strong>do</strong> amor comercializa<strong>do</strong>. Se em «Hardcore

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!