o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho
o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho
o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
AcolHer nA bocA, <strong>de</strong>Pois no cHão <strong>do</strong>s olHos: o PoemA<br />
poema tem «a forma» <strong>de</strong> um duplo «objecto antigo» em uso, agora<br />
na conclusão <strong>do</strong> ensaio. Aqui, é interessante notar que a evocação<br />
<strong>do</strong> ato quotidiano <strong>de</strong> acolher a colher à boca, no poema, é um fato<br />
simbólico, «com um calor excessivo», porque já textualiza<strong>do</strong> entre o<br />
factual e o conceptual, o metafórico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>Herberto</strong> Hel<strong>de</strong>r (cujo<br />
real interesse pelo livro <strong>de</strong> cesário Ver<strong>de</strong> carece <strong>de</strong> análise), no ano <strong>de</strong><br />
1961, pôs a lume A colher na boca. e «[o] texto sen<strong>do</strong> uma das diversas<br />
modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pressuposição <strong>do</strong> real» – quem o diz é Fiama Hasse<br />
Pais Brandão 21 – há <strong>de</strong> sempre andar a colher os utensílios <strong>de</strong> boca<br />
que <strong>de</strong>spertam os senti<strong>do</strong>s (<strong>do</strong> aci<strong>de</strong>ntal) e dão forma à realida<strong>de</strong> da<br />
poesia viva que interessa mais 22 .<br />
bibliografia<br />
Belo, Ruy (2000), to<strong>do</strong>s os poemas. Lisboa: Assírio & Alvim.<br />
99<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2009.<br />
Brandão, Fiama Hasse Pais (1974), o texto <strong>de</strong> Joao zorro. Porto: Inova.<br />
—— (1975), novas visões <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. Lisboa: Assírio & Alvim.<br />
co e l H o, eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> (1972), A palavra sobre a palavra. Porto: Portucalense.<br />
—— (1972), o reino flutuante. Lisboa: edições 70.<br />
—— (1982), os universos da crítica – Paradigmas nos estu<strong>do</strong>s literários. Lisboa:<br />
edições 70.<br />
—— (1988), A noite <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.<br />
cr u z, Gastão (1984), o pianista. Porto: Limiar.<br />
—— (2004), repercussão. Lisboa: Assírio & Alvim.<br />
—— (2009), A vida da poesia – textos críticos reuni<strong>do</strong>s. Lisboa: Assírio & Alvim.<br />
gu e d e s, Maria estela (1979), <strong>Herberto</strong> Hel<strong>de</strong>r, poeta obscuro. Lisboa: Moraes.<br />
HamBurger, Michael (2007), A verda<strong>de</strong> da poesia – tensões na poesia mo<strong>de</strong>rnista<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> bau<strong>de</strong>laire, trad. Alípio Correia <strong>de</strong> França Neto. São Paulo: Cosac Naif.<br />
21 Título <strong>de</strong> poema (1974: 258)<br />
22 Fiama Hasse Pais Brandão, «A Hugo»: «Ar<strong>de</strong>nte, uma palavra itinerante <strong>de</strong>vorada<br />
pela Colher / na boca, as elegias, as Folhas <strong>de</strong> outono. Cantores / oiço, com a plumagem<br />
mirífica <strong>de</strong> parecerem pássaros prefacia<strong>do</strong>res. (...)» (1974: 257).