o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

More documents

Recommendations

Info

62 diAcríticA Gostaria de terminar com a breve indicação de algumas das implicações de como esta «voz conversacional» pode ser significativa para pensar, no presente contexto, um conceito diferente de literatura mundial iluminado por práticas de leitura e de escrita como as que aqui analisei relativamente a Herberto Helder. Através do seu «forte» uso da vulnerabilidade, parece-me que somos arrastados para o carácter audível do silêncio, para a forma como ele sempre tem uma qualidade vocal. Uma forma de literatura mundial (e de poesia mundial, como no presente caso) é aquela que «ousa» (para utilizar o termo de Herberto Helder) mostrar-se em permanente diálogo com as suas margens, em permanente estado de vulnerabilidade para melhor ser ela mesma. Ao aceitar a sua base de conversação, ela torna audível o ruído produzido pelo diálogo às vezes emudecido que sempre se produz entre tradições divergentes – não apenas as que se reconhecem como entre si aparen- tadas mas, justamente, as que inesperadamente se cruzam como lugares de distância. «Vozes comunicantes» seria, desta forma, uma metáfora para a totalidade da poesia de Herberto Helder, e o seu específico modo de fazer «constelar» (o termo é também de Herberto) um enorme conjunto de tradições diferenciadas, canónicas e experimentais, vernaculares e estrangeiras, alheias e indígenas, antigas e modernas, eruditas e populares, escritas e orais. Trata-se de um complexo de vozes que pode chocar (colidir). Também indica o que a poesia pode ser (e o que a poesia herbertiana, especificamente, tende a ser): uma conversa entre várias distintas vozes, que ressoam no interior de uma que a todas elas replica. bibliografia Barrento, João (2002), «A terceira voz: quem fala no texto traduzido?», o Poço de babel. Para uma Poética da tradução literária, Lisboa, Relógio d’Água, pp. 106-22. Buescu, Helena (2005), cristalizações. fronteiras da modernidade, Lisboa, Relógio d’Água. —— / João Ferreira Duarte (2007), «Communicating voices: Herberto Helder’s experiments in cross-cultural poetry», forum for modern language studies, 43(2), pp. 173-186. —— (2008), emendar a morte. Pactos em literatura, Porto, Campo das Letras.
Herberto Helder: umA ideiA de PoesiA omníVorA Fo k k e m a, Douwe/ elrud iBscH (2000), Knowledge and commitment. A Problem- oriented Approach to literary studies, Amsterdam/Philadelphia, John Benjamins Publ. Co., p. 104. gu s m ã o, Manuel (2000), «Carlos de Oliveira e Herberto Helder: ao encontro do encontro», românica, 9, pp. 237-252. Helder, Herberto (1973), «Prefácio», o bebedor nocturno, in Poesia toda, vol. 1, Lisboa, Plátano editora, pp. 209-10. Kerkegaard, Søren (1846), two Ages: the Age of revolution and the Present Age, a literary review, ed. And tr. Howard V. Hong and edna H. Hong (1987), Kierkegaard’s Writings, vol. 14, Princeton, p. 97. magalHães, Joaquim Manuel (1989), «Herberto Helder», um Pouco da morte, Lisboa, ed. Presença, pp.125-36. rée, Jonathan (2001), «Voice to Voice: Reflections on the Art of Conversation», new literary History, 32.3, pp. 787-92. ve n u t i, Lawrence (1995), the translator’s invisibility. A History of translation, London, Routledge. 63
Page 1 and 2:
U N I V E R S I D A D E D O M I N H
Page 3 and 4:
ÍNDICe NOTA De APReSeNTAÇÃO ....
Page 5:
NOTA De APReSeNTAÇÃO As revistas
Page 9 and 10:
a «antropófaga festa». Metáfora
Page 11 and 12: A «AntroPófAgA festA» 11 não op
Page 13 and 14: A «AntroPófAgA festA» 13 da louc
Page 15 and 16: A «AntroPófAgA festA» 15 analogi
Page 17 and 18: A «AntroPófAgA festA» 17 1971 s
Page 19 and 20: A «AntroPófAgA festA» 19 coraç
Page 21 and 22: A «AntroPófAgA festA» 21 esse pa
Page 23 and 24: o sombrio trabalho da beleza 1 (not
Page 25 and 26: o sombrio trAbAlHo dA belezA ofíci
Page 27 and 28: o sombrio trAbAlHo dA belezA Propon
Page 29 and 30: o sombrio trAbAlHo dA belezA audív
Page 31 and 32: o sombrio trAbAlHo dA belezA cujo p
Page 33 and 34: o sombrio trAbAlHo dA belezA exteri
Page 35 and 36: o sombrio trAbAlHo dA belezA das ob
Page 37 and 38: o sombrio trAbAlHo dA belezA da pin
Page 39 and 40: o sombrio trAbAlHo dA belezA Record
Page 41 and 42: o sombrio trAbAlHo dA belezA Aniqui
Page 43 and 44: o sombrio trAbAlHo dA belezA No clo
Page 45 and 46: o sombrio trAbAlHo dA belezA Nesta
Page 47 and 48: o sombrio trAbAlHo dA belezA solto
Page 49 and 50: Herberto Helder: uma ideia de poesi
Page 51 and 52: Herberto Helder: umA ideiA de Poesi
Page 61: Herberto Helder: umA ideiA de Poesi
Page 66 and 67: 66 diAcríticA no espaço poético
Page 68 and 69: 68 diAcríticA que tiras o vestido
Page 70 and 71: 70 diAcríticA «vem aí o sagrado,
Page 72 and 73: 72 diAcríticA como pão vivo, / be
Page 74 and 75: 74 diAcríticA Os contributos para
Page 76 and 77: 76 diAcríticA (…) ponham muito a
Page 78 and 79: 78 diAcríticA e a beleza é sim in
Page 80 and 81: 80 diAcríticA reutilização da me
Page 82 and 83: 82 diAcríticA —— (2001), ou o
Page 84 and 85: 84 diAcríticA movimento importante
Page 86 and 87: 86 diAcríticA sentido diferente. r
Page 88 and 89: 88 diAcríticA AUTOR FRAGMeNTO Da m
Page 90 and 91: 90 diAcríticA de floração absolu
Page 92 and 93: 92 diAcríticA Desconcertada mão,
Page 94 and 95: 94 diAcríticA AS MUSAS CeGAS VII (
Page 96 and 97: 96 diAcríticA e non á iá de sa m
Page 98 and 99: 98 diAcríticA (do ‘neo-realismo
Page 100 and 101: 100 diAcríticA Helder, Herberto (1
Page 102 and 103: 102 diAcríticA Desde então, fixa-
Page 104 and 105: 104 diAcríticA Trata-se, na peça
Page 106 and 107: 106 diAcríticA Vale aqui lembrar q
Page 108 and 109: 108 diAcríticA a prostituta aproxi
Page 110 and 111: 110 diAcríticA luto, desconhecida,
Page 112 and 113:
112 diAcríticA ofício que é pura
Page 114 and 115:
114 diAcríticA de Herberto Helder
Page 116 and 117:
116 diAcríticA Ou «catorze»... P
Page 118 and 119:
118 diAcríticA virtude da criatura
Page 120 and 121:
120 diAcríticA tem como termo uma
Page 122 and 123:
122 diAcríticA impõe um desacerto
Page 124 and 125:
124 diAcríticA por Herberto Helder
Page 126 and 127:
126 diAcríticA assume-se como «bi
Page 128 and 129:
128 diAcríticA Herberto Helder dã
Page 130 and 131:
130 diAcríticA em 1967, reunira pe
Page 132 and 133:
132 diAcríticA Ao fazer este livro
Page 134 and 135:
134 diAcríticA em Walter Benjamin,
Page 136 and 137:
136 diAcríticA os humanos reconhec
Page 138 and 139:
138 diAcríticA (i) a frequência d
Page 140 and 141:
140 diAcríticA da personagem do po
Page 142 and 143:
142 diAcríticA (iii) das fragment
Page 144 and 145:
144 diAcríticA râneo. Inactual ou
Page 146 and 147:
146 diAcríticA tivo do imaginário
Page 148 and 149:
148 diAcríticA vras correntes. Há
Page 151 and 152:
em que língua escreve Herberto Hel
Page 153 and 154:
em que línguA escreVe Herberto Hel
Page 155 and 156:
Page 157 and 158:
Page 159 and 160:
Page 161 and 162:
Page 163 and 164:
Page 165 and 166:
Page 167 and 168:
Page 169 and 170:
investigações poéticas do terror
Page 171 and 172:
inVestigAções PoéticAs do terror
Page 173 and 174:
Page 175 and 176:
Page 177:
Page 181 and 182:
a representação literária de uma
Page 183 and 184:
A rePresentAção literÁriA de umA
Page 185 and 186:
Page 187 and 188:
Page 189 and 190:
Page 191 and 192:
Page 193 and 194:
Page 195 and 196:
Page 197:
Page 200 and 201:
200 diAcríticA serão aqui demonst
Page 202 and 203:
202 diAcríticA n. 38). Registe-se
Page 204 and 205:
204 diAcríticA aspra tenzone) que,
Page 206 and 207:
206 diAcríticA as neves frias», s
Page 208 and 209:
208 diAcríticA eneias, a despeito
Page 210 and 211:
210 diAcríticA duas edições quin
Page 212 and 213:
212 diAcríticA si lva , Vítor Man
Page 214 and 215:
214 diAcríticA originalidade e int
Page 216 and 217:
216 diAcríticA 3. O primeiro caso
Page 218 and 219:
218 diAcríticA (para não ir mais
Page 220 and 221:
220 diAcríticA soneto têm um path
Page 222 and 223:
222 diAcríticA por inteiro um sone
Page 224 and 225:
224 diAcríticA tumo de Diogo Berna
Page 226 and 227:
226 diAcríticA estudos. Para maria
Page 228 and 229:
228 diAcríticA o valor poético de
Page 230 and 231:
230 diAcríticA e constituindo uma
Page 232 and 233:
232 diAcríticA • Dorme dominó J
Page 234 and 235:
234 diAcríticA • anjos papudos q
Page 236 and 237:
236 diAcríticA • Adoro as pegas
Page 238 and 239:
238 diAcríticA paralelas e exprimi
Page 240 and 241:
240 diAcríticA Neste caso, é curi
Page 242 and 243:
242 diAcríticA A nossa doença, a
Page 244 and 245:
244 diAcríticA À luta na arena ar
Page 246 and 247:
246 diAcríticA sinalizado estilist
Page 248 and 249:
248 diAcríticA (1.º escalão)»,
Page 250 and 251:
250 diAcríticA e sofro, de carga m
Page 252 and 253:
252 diAcríticA certo anarquismo 11
Page 254 and 255:
254 diAcríticA • querida Aparece
Page 256 and 257:
256 diAcríticA que «Onde era sang
Page 258 and 259:
258 diAcríticA referências AA.VV.
Page 260 and 261:
260 diAcríticA A importância dest
Page 262 and 263:
262 diAcríticA tudo formas de fugi
Page 264 and 265:
264 diAcríticA Nietzsche dizia que
Page 266 and 267:
266 diAcríticA têm o júbilo do a
Page 268 and 269:
268 diAcríticA zango contigo por i
Page 270 and 271:
270 diAcríticA este «ficar de ped
Page 272 and 273:
272 diAcríticA o livro que esperav
Page 274 and 275:
274 diAcríticA determinação de q
Page 276 and 277:
276 diAcríticA No primeiro capítu
Page 278 and 279:
278 diAcríticA passados sobre a ca
Page 280 and 281:
280 diAcríticA ser e de ver o mund
Page 282 and 283:
282 diAcríticA Monte supunha. Seri
Page 284 and 285:
284 diAcríticA O problema que se f
Page 286 and 287:
286 diAcríticA vem na sequência j
Page 288 and 289:
288 diAcríticA capturar essa energ
Page 290 and 291:
290 diAcríticA que marca de maneir
Page 292 and 293:
292 diAcríticA escapa ao engajamen
Page 294 and 295:
294 diAcríticA que o dizia muito n
Page 296 and 297:
296 diAcríticA lário para dar con
Page 298 and 299:
298 diAcríticA Basta-lhe ouvir que
Page 300 and 301:
300 diAcríticA —— (1976), crit
Page 303 and 304:
Judith sPencer, on fools, fops and
Page 305 and 306:
ecensões 305 poético baudelairian
Page 307 and 308:
ecensões 307 irónica de uma époc
Page 309 and 310:
ecensões 309 o texto literário e
Page 311 and 312:
ecensões 311 editado doze anos dep
Page 313 and 314:
ecensões 313 outorgamento ao sujei
Page 315 and 316:
ecensões 315 este é o ponto decis
Page 317 and 318:
ecensões 317 repúdio, a mediocrid
Page 319 and 320:
ecensões 319 «amiga», a «tarde
Page 321:
ecensões 321
show all

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

Delete template?

Save as template?