15.04.2013 Views

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

AcolHer nA bocA, <strong>de</strong>Pois no cHão <strong>do</strong>s olHos: o PoemA<br />

<strong>de</strong> Fiama Hasse Pais Brandão, cuja constante presença neste ensaio<br />

nada mais é <strong>do</strong> que sinal <strong>de</strong> respeito ao bom gosto <strong>do</strong> seu anfitrião, o<br />

Poeta <strong>de</strong> «O amor em visita», que a põe, literal e metaforicamente, à<br />

portada, abrin<strong>do</strong>-lhe a (e/ou abrin<strong>do</strong>-a à) «concepção topológica <strong>do</strong><br />

texto como lugar on<strong>de</strong> o senti<strong>do</strong> se produz.» Intercurso <strong>de</strong> leituras que,<br />

ao fim e ao cabo, agudiza e põe a nu tu<strong>do</strong> o que não há <strong>de</strong> impróprio<br />

em <strong>Herberto</strong> Hel<strong>de</strong>r: a zona erótica <strong>do</strong> seu corpus poético.<br />

Na última estrofe <strong>do</strong> poema, observa o sujeito que não há contexto<br />

social mais adverso <strong>do</strong> que aquele em que, a posteriori, já motiva<strong>do</strong>,<br />

portanto, o próprio signo é arbitrário a si mesmo. Tamanha perda <strong>de</strong><br />

senti<strong>do</strong> atinge a to<strong>do</strong>s, já que o sujeito é nós. Resta ao poeta, porém, ou<br />

melhor, às relações textuais internas <strong>do</strong> poema, através da pluralida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> significantes que o «sistema simbólico» guarda, escrever a meditação<br />

exacerbada <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s possíveis <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

«O sentimento dum Oci<strong>de</strong>ntal», se quer dada pelos justos termos <strong>do</strong><br />

real e da análise 17 .<br />

DePOIS NO CHÃO DOS OLHOS 18<br />

(...)<br />

Não sobe a floração nem <strong>de</strong> si mesma,<br />

ei-la invisível<br />

durar ao longo da estação<br />

e nós somente ouvimos: as quedas<br />

<strong>de</strong> bátegas contínuas<br />

no ramo estéril, no seu pássaro, <strong>de</strong>pois<br />

no chão <strong>do</strong>s olhos.<br />

(Brandão, 1974: 76)<br />

ACOLHER O POEMA<br />

Para concluir, em primeiro lugar, mais uma volta à terceira razão<br />

<strong>de</strong> eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> Coelho sobre a importância <strong>de</strong> Poesia 61: «em<br />

terceiro lugar pela consciência crítica que, a partir da teorização <strong>de</strong><br />

Gastão Cruz, permitiu a releitura mais justa <strong>de</strong> certa poesia anterior<br />

17 «e eu que medito um livro que exacerbe, / quisera que o real e a análise mo<br />

<strong>de</strong>ssem;» (1995: 120)<br />

18 Título na primeira publicação <strong>do</strong> poema – (este) rosto, 1970 – e na primeira<br />

edição da poesia completa (o texto <strong>de</strong> Joãoo zorro, 1974). Depois, passa a ser intitula<strong>do</strong><br />

«No chão <strong>do</strong>s olhos» (obra breve, 1991).<br />

97

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!