15.04.2013 Views

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

232 diAcríticA<br />

• Dorme <strong>do</strong>minó<br />

Joga ponto em pé<br />

Lobo come a avó<br />

este prato é<br />

Das velhas <strong>de</strong> chinó<br />

e a dama per<strong>de</strong> a fé<br />

O príncipe <strong>de</strong>u o nó<br />

Na montanha <strong>de</strong> puré…<br />

(«Dominó», in sob escuta 1994)<br />

Mas, para além da rima finilinear, existem também interessantes<br />

casos <strong>de</strong> rima interna. Veja-se o exemplo seguinte:<br />

• Contacto cardíaco afrodisíaco carbono<br />

Maníaco telefónico<br />

(«Agente único», in in<strong>de</strong>pendança, 1982)<br />

Aqui, o sufixo ‘-íaco’ surge três vezes, fazen<strong>do</strong> os lexemas rimar<br />

«<strong>de</strong>ntro» <strong>do</strong> verso, ao passo que as palavras «contacto», «cardíaco» e<br />

«carbono» <strong>de</strong>notam a ocorrência <strong>de</strong> aliteração, aliás outro <strong>do</strong>s recursos<br />

estilísticos mais explora<strong>do</strong>s por Reininho ao nível <strong>do</strong> som. Na verda<strong>de</strong>,<br />

são inúmeras as passagens que jogam com a repetição das consoantes<br />

iniciais das palavras ou, em alternativa, com sons consonânticos intermédios.<br />

De seguida é dada uma amostra, que mais uma vez se reveste<br />

<strong>de</strong> um acentua<strong>do</strong> pen<strong>do</strong>r lúdico:<br />

• O Sa<strong>do</strong>, a se<strong>de</strong>, sinos, sinetas<br />

(«Sete naves», in os Homens não se querem bonitos, 1985)<br />

• Sua violeta violenta (…)<br />

Se a voz não cala<br />

(«quan<strong>do</strong> o telefone peca», in rock in rio <strong>do</strong>uro 1992)<br />

• On<strong>de</strong> a nave<br />

voga não havia vaga<br />

Farás <strong>de</strong> foca e eu <strong>de</strong> faca<br />

(«Las Vagas», in sob escuta, 1994)<br />

• vidra<br />

vira no vinho (…)<br />

Longe na geografia<br />

Atitu<strong>de</strong> e analogia<br />

(«Costa Atlântica Inevitável», in sob escuta, 1994)<br />

• Chiar<br />

<strong>de</strong> borracha cheira a incenso (…)<br />

Não chamar mais nenhum (…)<br />

Se chegar mais algum (…)<br />

Sempre atrás no burro <strong>do</strong> Sancho<br />

(«Rádio Taciturno», in sob escuta, 1994)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!