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o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

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A FACA NÃO CORTA O FOGO: conteXtos Poéticos <strong>de</strong> umA biogrAfiA<br />

carga metafórica que assumem, representan<strong>do</strong>, como tal, um reduzi<strong>do</strong><br />

interesse para esta aproximação. Concordamos com Silvina Rodrigues<br />

Lopes, quan<strong>do</strong> a este propósito afirma que «O sopro <strong>do</strong> cria<strong>do</strong>r passa<br />

para a obra criada, que se separa <strong>de</strong>le; o gesto que a <strong>de</strong>põe no mun<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ixa nela um umbigo, uma assinatura, um sinal <strong>de</strong> que ela é um<br />

centro reor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r no qual a energia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se redistribui» (Lopes,<br />

2003: 102). esse sinal que é na maior parte da sua obra muito difuso,<br />

assume, porém, uma marca significativa neste livro, distinguin<strong>do</strong>-o da<br />

obra anterior.<br />

O reconhecimento <strong>de</strong>ssa convivência <strong>de</strong> elementos biográficos<br />

com elementos poéticos acabou por sugerir uma leitura da obra<br />

numa outra perspectiva. Assim, procurámos também enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que<br />

mo<strong>do</strong> se encontram dispersas, na sua poesia, posições sobre a socieda<strong>de</strong><br />

e a cultura contemporânea, sobre aspectos particulares da arte<br />

e da poesia, acaban<strong>do</strong> por se encontrar algum empenhamento a esse<br />

nível, característica que não é comum encontrar <strong>de</strong> forma tão clara na<br />

poesia <strong>de</strong> <strong>Herberto</strong> Hel<strong>de</strong>r.<br />

Depois <strong>do</strong> primeiro poema <strong>do</strong> livro, «até que Deus é <strong>de</strong>struí<strong>do</strong><br />

pelo extremo exercício da beleza» (535), a beleza e a sua aura foram<br />

violentamente procuradas, para além <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os limites, com a paixão<br />

que colocou na palavra e na ânsia da luz. No último poema <strong>do</strong> livro,<br />

igualmente breve para ser maximamente intenso, resta-lhe <strong>de</strong>spedir-se<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um percurso pelo «extremo exercício da beleza» até ao<br />

«último pesa<strong>do</strong> poema <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>» (618), representa<strong>do</strong> pelo enca<strong>de</strong>amento<br />

<strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> uma biografia poética, para que <strong>de</strong>le só possa<br />

surgir o «abrupto termo», o «dito último» (618).<br />

bibliografia<br />

ag u i a r e si lva , Vítor Manuel <strong>de</strong> (1988), teoria da literatura, Coimbra, Livraria<br />

Almedina.<br />

Barrento, João (2001), A espiral vertiginosa: ensaios sobre a cultura contemporânea,<br />

Lisboa, edições Cotovia.<br />

eiras, Pedro (2005), esquecer fausto: a fragmentação <strong>do</strong> sujeito em raul brandão,<br />

fernan<strong>do</strong> Pessoa, <strong>Herberto</strong> Hel<strong>de</strong>r e maria gabriela llansol, Porto, Campo das<br />

Letras.<br />

Hel<strong>de</strong>r, <strong>Herberto</strong> (1994), <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, Lisboa, Assírio & Alvim.<br />

—— (1995), Photomaton & Vox, Lisboa, Assírio & Alvim.<br />

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