15.04.2013 Views

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

AindA AProPósito <strong>do</strong> soneto O DIA eM qUe eU NASCI MOURA e PeReÇA<br />

225<br />

sombra camoniana. Nestas condições, os critérios <strong>do</strong> corpus minimum<br />

tornar-se-iam pouco viáveis se fossem aplica<strong>do</strong>s ao gran<strong>de</strong> poeta <strong>de</strong><br />

Ponte da Barca. Pelo menos, tais critérios teriam forçosamente <strong>de</strong><br />

aliar-se ao estu<strong>do</strong> das componentes i<strong>de</strong>ológicas que condicionaram a<br />

activida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s editores e críticos.<br />

Sem esquecer a óbvia animosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Faria e Sousa – responsável<br />

máximo pela concentração autoral e alteração textual <strong>do</strong>s repertórios<br />

líricos – e <strong>do</strong>utros editores <strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong>le <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (Álvares<br />

da Cunha, Tomás José <strong>de</strong> Aquino, Juromenha…), o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e<br />

investigação a <strong>de</strong>senvolver não po<strong>de</strong>rá passar sem incidir sobre a produção<br />

<strong>de</strong> livros impressos, com tu<strong>do</strong> o que tal activida<strong>de</strong> acarretava já<br />

no Portugal <strong>de</strong> finais <strong>do</strong> século XVI a princípios <strong>do</strong> século XVII. Será<br />

necessário perscrutar as estratégias primitivas <strong>de</strong> marketing, as condicionantes<br />

impostas pelos «aparelhos i<strong>de</strong>ológicos» (censura inquisitorial,<br />

política monárquica, grupos sociais…), e as tendências artísticas<br />

e institucionais emergentes, e não coinci<strong>de</strong>ntes com aquelas pre<strong>do</strong>minantes<br />

na formação intelectual da «geração <strong>de</strong> Camões», tendências<br />

que levaram (já o sabemos) os séculos XVI e XVII à modificação das<br />

lições <strong>do</strong>s textos e ao favorecimento <strong>de</strong> certas práticas editoriais em<br />

<strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras.<br />

10. em suma, tu<strong>do</strong> leva a crer que o soneto «O dia em que eu nasci<br />

moura e pereça» foi composto por Luís <strong>de</strong> Camões. Mas ir em busca<br />

duma prova <strong>do</strong>cumental que garanta a irrefutabilida<strong>de</strong> da atribuição<br />

parece-me objectivo <strong>de</strong> somenos num enquadramento investigativo<br />

<strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r duma filologia meto<strong>do</strong>logicamente renovada e socialmente<br />

comprometida, porque esta terá primeiro <strong>de</strong> enfrentar e <strong>de</strong>smontar as<br />

fortíssimas condicionantes i<strong>de</strong>ológicas, muitas vezes sob a forma <strong>de</strong><br />

preconceitos, que atravessaram séculos <strong>de</strong> edição e comentário camonísticos,<br />

e que continuam ainda hoje a fazer-se sentir.<br />

bibliografia<br />

ag u i a r e si lva , Vítor <strong>de</strong> (1994), camões: labiritnos e fascínios, Lisboa: Cotovia.<br />

—— (2008), A lira <strong>do</strong>urada e a tuba canora. novos ensaios camonianos, Lisboa:<br />

Cotovia.<br />

Alv e s, Hélio J. S. (2007), «A propósito <strong>do</strong> soneto o dia em que eu nasci e <strong>do</strong> seu<br />

autor» in Isabel Almeida, Maria Isabel Rocheta e Teresa Ama<strong>do</strong> (orgs.),

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!