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Baixar - Proppi - UFF

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é seu servo e mensageiro”. De acordo com o domínio do idioma árabe, o fiel pode proferir<br />

diretamente o testemunho, repetindo imediatamente a frase pronunciada pelo condutor, ou ser<br />

por ele auxiliado, que irá pronunciar cada palavra a ser cuidadosamente repetida pelo futuro<br />

fiel, sendo então repetida em português, evidenciando e assegurando o seu perfeito entendimento<br />

daquilo que foi proferido, por ele testemunhado. Uma vez proferida a shahada, a natureza<br />

daquele indivíduo muda completamente. Ele deixa de ser o que era antes, passa a ser<br />

completamente muçulmano – submisso à vontade de Deus, seguidor do din por Muhammad<br />

transmitido.<br />

França, mostrando-me a estrutura geral do ritual, em momento de especial acuidade na<br />

análise do ritual e atento ao proferimento, chama minha atenção: “Agora [antes do novato<br />

pronunciar o testemunho], ele ainda não é muçulmano. [dá-se o proferimento da shahada]<br />

Viu? Agora ele mudou completamente. Agora ele é muslim.” A estrutura é aquela clássica do<br />

rito de passagem, proposta por Arnold Van Gennep (Van Gennep 1978), tripartite, com separação<br />

– a manifestação da intenção de proferir a shahada; transição, ou margem – o exato<br />

instante em que ela é proferida; e a incorporação, com a completa transformação da natureza<br />

do neófito e a exaltação que se segue.<br />

Imediatamente ao proferimento em árabe e em português, quando então mais um muçulmano<br />

passa a existir, segue-se uma comemoração, em forma de exaltação a Deus. Um dos<br />

presentes grita, solo: “At-Takbir!!!” 37 , ao que então todos os outros repetem em uníssono potente:<br />

“Allahu Akbar!!!”, três vezes, nesse ordem. Segundo Idriss, professor de árabe na mesquita<br />

‘At-takbir’ é uma ordem: “Engrandeça [o nome de Deus]!!!”, ao que todos respondem:<br />

“Deus é o maior!!!”. Ainda segundo Idriss, o radical ‘k-b-r’ é o mesmo em ‘takbir’ e em ‘akbar’.<br />

De acordo com França, um revertido, esta é a maneira de se comemorar: “Vocês – ele se<br />

exclui –, ocidentais, batem palmas. Nós não podemos bater palmas. Então a gente exalta o<br />

nome de Deus!”. Idriss, por sua vez, afirma que, para o Islã, não é ilícito bater palmas, apenas<br />

é preferível exaltar o nome de Deus.<br />

Ramadan<br />

37 Professor Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto chamou minha atenção, em conversa pessoal, para a forma<br />

correta dessa exaltação. De acordo com seu comentário, o que se grita é “Takbir!!!!”. Mantive, no entanto, a<br />

forma “At-Takbir!!!” porque assim me foi exposto pelos muçulmanos da comunidade carioca. Esclarecimentos<br />

acerca deste detalhe do ritual me foram dados com transliteração para o português seguindo a frase em árabe, e<br />

ainda tenho o manuscrito em que consta a forma por mim utilizada. Trata-se, portanto, apenas de uma opção por<br />

manter a informação tal como me foi passada pelos membros da comunidade. A forma que o professor Paulo<br />

Gabriel menciona retira o artigo ‘al’ que se tornaria ‘at’ por preceder letra solar – o fonema ‘t’ é solar, portanto<br />

muda o fonema do artigo que lhe precede, retira o ‘l’ e se acresce a ele, fazendo ‘al’ se torna ‘a-’ mais o fonema<br />

solar. Ao contrário dos fonemas lunares, que não alteram o fonema do artigo precedente.<br />

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