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Baixar - Proppi - UFF

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Primeiramente devemos definir o que é a natureza. Natureza pode ser definida como<br />

sendo todos os seres que constituem o universo. Esta hipótese também é logo rejeitada<br />

ao respondermos a seguinte pergunta: a natureza é racional ou irracional? Obviamente<br />

a resposta será irracional. Logo, como a natureza, que é irracional, pode ter<br />

criado o ser humano, que é racional? (Isbelle 2003:21).<br />

Cada um dos temas ganha no texto tratamento lógico racional semelhante. As partes em que<br />

temas de divergência com o cristianismo são abordados, como o da unicidade de Deus, cada<br />

argumento pró e contra ganha três tipos de análise.<br />

A exposição da trindade católica, assim, ganha análise histórica, acerca dos debates teológicos<br />

e políticos quando da fundação da Igreja Católica; análise da razão e da lógica; análise<br />

dos textos bíblicos. A parte histórica é expositiva, a textual opera por comparação entre o<br />

texto bíblico e o corânico. A parte da lógica e da razão é detalhadamente formal.<br />

Racionalmente, o dogma da trindade é insustentável, pois as três pessoas Divinas ou<br />

são infinitas ou finitas [posição]. Se infinitas, então existem três infinitos distintos,<br />

três Onipotentes, três Eternos e portanto três deuses [1ª contraposição]. Se eles são<br />

finitos, então somos levados à absurda conclusão de conceber um ser infinito possuindo<br />

três modos finitos de subsistência ou três seres que são isoladamente finitos e<br />

que, juntos, formam um infinito [2ª contraposição]. O fato é que se os três são finitos<br />

então nem o Pai, nem o filho, nem o espírito santo é Deus [3ª contraposição]. A trindade<br />

é o mesmo que dizer que 1+1+1=3, mas que são ao mesmo tempo 1 [refutação<br />

final]. […].<br />

A igreja católica reconhece a impossibilidade de conciliar a crença em três seres divinos<br />

com a Unicidade de Deus e, consequentemente, declara que a doutrina da trindade<br />

é um mistério, uma questão de fé, na qual a pessoa deve acreditar cegamente.<br />

(Isbelle 2003:35-6, meus destaques)<br />

O tema da natureza e definição de Deus parece mesmo exigir uma análise mais detalhada,<br />

pois que a natureza do ente em questão define a natureza de tudo o mais que dele deriva;<br />

assim, qualquer definição de Deus deve demonstrar sua natureza racional por meio de uma<br />

exposição também racional. Eis porque qualquer definição que envolva fé cega é recusada. A<br />

conclusão final da refutação da posição católica frente ao tema da trindade ocorre por meio da<br />

menção ao problema chave para a fundamentação da fé segundo seu argumento: fé é racional.<br />

É demonstrável, compreensível, lógica e ordenada. Ao admitir um elemento de mistério em<br />

um de seus elementos doutrinais fundamentais, a Igreja Católica autoriza a crítica ali desenvolvida.<br />

Apresenta ela mesma o fundamento da crítica que irá desautorizá-la. No entanto, o<br />

Islã também comporta elementos de mistério. Seu tratamento será, ainda assim, racionalizado.<br />

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