01.06.2014 Views

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

os dois professores, portanto os membros da SBMRJ diretamente envolvidos, além de Fernando,<br />

que dividia as aulas de religião com Sami. Certa vez um aluno combinava de pagar a<br />

mensalidade na próxima aula, alegando um motivo qualquer para o não pagamento naquela<br />

semana. Em outra situação um aluno alegava que não tinha o dinheiro todo, somente uma<br />

parte – cerca de R$50,00 – e perguntava se não poderiam lhe conferir o desconto do valor<br />

restante, já que tinha interesse em continuar o curso. A posição de Sami foi de que não poderia<br />

simplesmente dar o desconto naquela mensalidade ou em qualquer outra, já que o dinheiro<br />

arrecadado não era simplesmente lucro, ou usado para pagamento dos professores, mas seria<br />

revertido em obras para a mesquita. Assim, o aluno não precisava se preocupar, desde que<br />

completasse o valor faltante quando pudesse, se eventualmente pudesse. Nesse sentido, a não<br />

concessão de desconto e a solicitação do pagamento do restante da mensalidade em um hipotético<br />

futuro era um convite ao aluno para que participasse do esforço coletivo da comunidade<br />

nas obras da mesquita. A própria atividade de lecionar nesses cursos era parte da jihad de cada<br />

um dos professores membros da SBMRJ.<br />

O perfil dos alunos era variado etariamente, indo de jovens recém-saídos da adolescência<br />

a senhores com idade bem avançada. Os propósitos também eram muitíssimo variados,<br />

com pessoas demonstrando apenas uma curiosidade pelo idioma, pela cultura ‘árabe’; alguns<br />

professores de língua estrangeira ou português; simpatizantes da ‘cultura e civilização islâmica’,<br />

como alguns formulavam; pessoas ligadas ao Islã, por parentesco, casamento ou alguma<br />

outra afinidade; e, em grande parte dos casos, mas não propriamente a maioria, haviam<br />

também recém-convertidos, interessados nos conhecimentos ali circulados para a sua própria<br />

prática religiosa, sendo a frequência uma recomendação dos membros da SBMRJ. Indiquei<br />

acima a importância que a língua árabe tem na prática religiosa do muçulmano, o que explica<br />

esse interesse pelo estudo da língua, que, aliás, acompanha a trajetória de vida do convertido.<br />

Assim, indo da curiosidade despretensiosa ao interesse religioso direto, as aulas funcionavam<br />

em um clima de disposição interessada.<br />

A aula de língua árabe era ministrada sempre por Idriss, começava por volta das<br />

15h00min, com alguns minutos de tolerância variando até quase 30 minutos em dias vazios,<br />

como em meio de feriados. A aula seguia até 16h30min, havendo um intervalo de 15 minutos,<br />

sempre alargados, até o início da aula de religião, que seguia até cerca de 18hr, 18hr15min<br />

nos dias em que a discussão em torno de algum tema interessava mais a alunos e professores.<br />

Essas aulas eram ministradas por Sami Isbelle, que alternava as semanas com Fernando, também<br />

funcionário da SBMRJ. O término da aula de religião estava condicionado pelo horário<br />

da oração do Maghrib, que se encerrava por volta de 18hr20mim, variando com os meses e<br />

117

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!