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Baixar - Proppi - UFF

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Ao comentar a natureza do livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão, Sami menciona<br />

o fato de que algumas suratas são iniciadas com letras isoladas do alfabeto árabe.<br />

O seu verdadeiro significado só Deus conhece. No entanto, acredita-se que Deus iniciou<br />

com elas estas Suratas para assinalar o mistério do Alcorão Sagrado […]. São<br />

também designativas de sinal de atenção, para que se ouça a recitação dos versículos.<br />

Algumas pessoas 23 tentam extrair destas letras significados ocultos ou místicos.<br />

Mas devemos nos afastar desses tipos de especulação que não nos levam a nada,<br />

pois, caso o seu significado fosse importante para nós, Deus o teria nos mostrado.<br />

Logo, devemos seguir a orientação Divina de nos afastarmos desse tipo de análise.<br />

(Isbelle 2003:107)<br />

O mistério é intencionado por Deus, possui eficácia religiosa ao favorecer a atenção à recitação.<br />

Qualquer passo que se dê além é misticismo, pois procura atribuir sentido onde não se<br />

deve – mais do que onde não há. Novamente um ‘princípio de parcimônia’ frente ao mistério,<br />

prevenindo a irracionalidade especulativa com o inevitavelmente misterioso Sagrado. A letra<br />

é símbolo cujo propósito é exatamente apontar para a sua indecifrabilidade.<br />

Mais à frente, o autor aborda o tema da conciliação entre descobertas científicas modernas<br />

e o texto revelado do Alcorão. A esse respeito chamo a atenção para a interpretação<br />

moralizante que Sami faz a respeito das relações históricas que o Islã teria com a ciência, a<br />

filosofia e o conhecimento nobre, e seus desdobramentos contemporâneos, em especial na<br />

atual acusação de irracionalidade do Islã, seu suposto apartamento da razão, cantado por seus<br />

inimigos.<br />

Os muçulmanos, quando estavam praticando a sua religião corretamente, foram os<br />

expoentes do conhecimento no mundo; contudo, quando começaram a se afastar dos<br />

ensinamentos do Islam, perderam essa posição para os não muçulmanos e vemos<br />

que hoje em dia são eles que estão desvendando os grandes mistérios da ciência. (Isbelle<br />

2003:120).<br />

Assim, admite um real afastamento dos muçulmanos do domínio da ciência moralizando as<br />

causas e, por consequência, as possíveis soluções: voltar à prática do Islã puro, correto, aquele<br />

praticado pelos predecessores, os salaf, que levaram o Islã aos seus dias de glória.<br />

Sami Isbelle aponta alguns dos exemplos já mencionados e aumenta a lista: a criação e<br />

expansão do universo – surata 21:30 24 , 41:11 25 , 51:47 26 ; a existência de órbitas para a lua e o<br />

23 No contexto das aulas, a referência será esclarecida: o sufismo.<br />

24 “Não vêem, acaso, os incrédulos, que os céus e a terra eram uma só massa, que desagregamos, e que criamos<br />

todos os seres vivos da água? Não crêem ainda?”<br />

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