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Baixar - Proppi - UFF

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homem acaba modificando, entendeu? O Islã não aceita a prática da usura porque a única fonte<br />

de riqueza é o trabalho. Por isso que não pode.”, afirmou um dos presentes. Em seguida,<br />

outro completou. “Cara, é porque, na verdade, a revelação é uma só. A gente entende que a<br />

religião que Jesus 3 pregava é o Islã. A usura já era condenada por todos os profetas.” Aqui,<br />

duas questões: a primeira é a marcação das fronteiras com outras denominações, cujas especificidades<br />

são exatamente a de terem desvirtuado a mensagem divina. A segunda questão é<br />

exatamente a compreensão de que o Islã é o sistema eterno, revelado ao homem desde o princípio.<br />

A diferença do Islã para outras religiões, portanto, é a perenidade da mensagem conservada<br />

livre de inovações condenáveis (bida’). Tudo o que não é Islã no presente, é Islã desvirtuado<br />

em algum momento do passado.<br />

Essa perenidade da revelação de Muhammad está garantida no esforço da ummah em<br />

manter-se consistente com os ensinamentos corânicos, mas também pela manutenção da natureza<br />

imaculada e original do texto. O Alcorão é o milagre de Muhammad, revelado em uma<br />

língua especial, sua preservação garantida por Deus. É essa natureza divina do Alcorão que<br />

possibilita a revelação de fatos científicos complexos no texto corânico. Samir, na sequência<br />

do comentário que fazia a respeito da completude do texto corânico, completa, com sua fala<br />

acelerada, divertida, interessada em explicar – além de compreender toda a vida do fiel, o<br />

Alcorão é fonte de conhecimento científico:<br />

O Alcorão é um milagre. Você sabia que existem descobertas científicas reveladas<br />

pelo Alcorão? É, pois é. [Para e pensa alguns momentos no exemplo a ser mencionado]<br />

Cara, hoje em se sabe que, por exemplo, as águas do Mediterrâneo não se misturam<br />

às do Atlântico. Os especialistas fizeram uma série de medições e constataram<br />

que, de fato, as águas dos diferentes mares não se misturam, porque tem características<br />

diferentes. E tudo isso já está lá no Alcorão, que foi revelando mais de 1400 a-<br />

nos atrás. Cara, o Islã é muito bonito! [risos]<br />

maioria das vezes em árabe, mas também em português. A rigor, uma saudação deve ser proferida após cada<br />

menção a cada um dos profetas, de Abraão a Jesus e Muhammad. Aqui, no entanto, não se pode afirmar tão<br />

categoricamente que essa saudação ocorra sempre. Na codificação textual dos livros, e nas aulas, Sami menciona<br />

essa deferência para com o nome dos profetas. Mas é possível perceber duas distinções. A primeira tem a ver<br />

com a diferença entre saudações. Enquanto para Muhammad faz-se a reverência acima mencionada, quando se<br />

referem a outros profetas, a menção mais comum é: “Que a paz e a misericórdia de Allah estejam sobre ele”,<br />

sendo também usada para saudar o nome de Maria, mãe de Jesus. A segunda distinção é que, tanto nos livros,<br />

quanto nos textos publicados, ou nos sermões proferidos, registrei por diversas vezes o nome de Jesus, que é<br />

frequentemente mencionado, sem saudação alguma. Ou, após duas ou três menções seguidas à sua figura, uma<br />

reverência. Mesmo assim, essa reverência não é rara, apenas menos imperiosa do que a que segue o nome de<br />

Muhammad. Na codificação textual é comum que a saudação venha na figura de um símbolo, exercício<br />

caligráfico em que a frase completa em árabe é concentrada, profundamente elaborada. Ou usa-se a sigla<br />

S.A.A.S da transliteração do árabe.<br />

3 A menção não é seguida de reverência alguma. A referência a Jesus como profeta do Islã parece aqui<br />

novamente a estratégia de, ao se dirigir a um não-muçulmano, fazer menção à religião dominante da sociedade,<br />

postulando uma familiaridade.<br />

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