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Baixar - Proppi - UFF

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não só a religião funda a vida em sociedade ao celebrá-la, mas é objeto e fundação da própria<br />

ciência e do pensamento científico. O pensamento científico é forma aperfeiçoada do pensamento<br />

religioso. “Vimos até que as noções essenciais da lógica científica são de origem religiosa.<br />

[…]. Oriunda da religião, a ciência tende a substituir esta última em tudo o que diz respeito<br />

às funções cognitivas e intelectuais.” (Durkheim 1996:475-6). Nesse sentido, a própria<br />

origem do racionalismo científico, porque é a base da própria racionalização do mundo, é a<br />

religião.<br />

Max Weber (1864-1920) – Hermenêutica, Sociologia do Sentido<br />

Seria um tanto inadequado, ao proceder a uma revisão bibliográfica preocupada com o tratamento<br />

do tema ‘ciência e religião’, não mencionar Max Weber. Saindo por um momento da<br />

história da antropologia e da teoria antropológica, é inescapável mencionar a discussão de<br />

Max Weber sobre o lugar da religião na modernidade, assim como o da ciência e o tipo de<br />

conflito que se estabelece entre esses dois domínios, refletindo sobre as consequências na vida<br />

moderna.<br />

A obra de Max Weber é grandiosa, profunda, difícil e ainda assim, ou por isso mesmo,<br />

muito produtiva, na medida em que se preocupou com quase todos os temas da sociologia à<br />

sua época, indo da história econômica e o direito, até a sociologia da burocracia, passando<br />

pela religião. Não por acaso, o tratamento que Weber dá ao tema da religião é central, passando<br />

a partir de um determinado momento a ser o grande eixo temático em torno do qual<br />

todas as outras questões era pensadas. A esse respeito, Antônio Flávio Pierucci (Pierucci<br />

2005) afirma que a análise do sentido da religião em Weber se dá mais pelo que lhe transcende,<br />

por suas significações para outras esferas da vida do que propriamente pelo valor religioso.<br />

Em Weber, pensar a religião é pensar o racionalismo, onde uma sociologia da religião é<br />

rigorosamente uma sociologia do racionalismo moderno. Na introdução do trabalho que pretende<br />

perpassar a reflexão de Weber sobre a perda do lugar da religião na vida moderna, Pierucci<br />

repete sete vezes em oito páginas a passagem: “Antes de mais nada, uma busca como<br />

esta em Sociologia da Religião deve e quer ser ao mesmo tempo uma contribuição à tipologia<br />

e sociologia do próprio racionalismo.” (Pierucci 2005:17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23).<br />

O que está em debate? Weber é o grande ícone quando se trata de refletir sobre aquilo<br />

que se convencionou chamar de ‘teorias da secularização’. Esse conjunto de reflexões, vindo<br />

de fins do XIX e chegando ainda a alguns fiéis nos dias de hoje – como o respeitado professor<br />

paulista –, propõe que com o avanço do conhecimento científico, da técnica, da racionalidade<br />

e da burocracia na vida moderna europeia, a religião tenderia a desaparecer, no que a ciência e<br />

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