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Baixar - Proppi - UFF

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Em dezembro de 2009 vi meus interesses de pesquisa necessitarem de uma reformulação<br />

bastante volumosa. Os caminhos que me levaram de Michel Vilan e o Raelianismo à Sami<br />

Isbelle e a Mesquita da Luz (Masjid El Nur) já foram apontados, de modo que quero agora<br />

indicar os caminhos da abordagem antropológica desse problema que envolve a codificação<br />

religiosa racionalista, as formas de transmissão dessa doutrina e a experiência real da comunidade<br />

muçulmana nesse quadro social.<br />

…<br />

Mas o que tudo isso tem a ver com o Islã, com a comunidade muçulmana do Rio de Janeiro,<br />

com a presente dissertação?<br />

Pretendo demonstrar que esse conjunto de questões está em estreita relação com as dinâmicas<br />

internas dentro da comunidade muçulmana sunita do Rio de Janeiro, em variadas<br />

frentes de investigação. Isto porque os muçulmanos cariocas também elaboram um discurso a<br />

respeito das relações entre Islã e ciência, uma forma de reagir a esse cenário global de debates<br />

a respeito do lugar da ciência da vida contemporânea. Há um grande número de publicações<br />

de membros da SBMRJ a esse respeito. Também eles procuram afinar sua teologia com as<br />

‘verdades científicas’, de modo a demonstrar racionalmente a adequação entre o sistema religioso<br />

doutrinal e prático do Islã com a razão, a ciência, a sabedoria, a temperança racional<br />

(Isbelle 2010). E sugiro que isto está fortemente atrelado ao modo como os muçulmanos desejam<br />

ser vistos pela comunidade que os envolve, a que tipo de imagem querem ser associados,<br />

de quem pretendem diferir. Outro ponto importante nessa conexão é aquele que diz respeito<br />

a afinidades eletivas entre essa elaboração discursiva de afinização do Islã com a ciência,<br />

a racionalidade, e a conversão de novos adeptos na comunidade. Não pretendo sugerir<br />

uma relação determinante entre os dois fatores, por isso mesmo sugiro afinidades eletivas,<br />

aproximações e coincidências produtivas entre eles. O trabalho de Paulo Pinto (2010b:212-<br />

13) sugere uma tipologia da conversão ao Islã: conversão matrimonial, que envolve aqueles<br />

que se converteram ao Islã para consumar o matrimônio, ou cuja conversão deriva do fato do<br />

cônjuge ser muçulmana ou ter se convertido anteriormente; conversão afetiva, produto de<br />

relações de amizade ou admiração com muçulmanos, seja no ambiente de trabalho, estudo ou<br />

lazer; conversão ideológica, comum entre aqueles que aderiram ao Islã como forma de reencontrar<br />

um conjunto de motivações e convicções políticas perdidas em outras esferas ou grupos<br />

políticos; e a conversão intelectual, quando o interesse pelo Islã é produto de curiosidades<br />

e estudos intelectuais sobre a história e cosmologia islâmica. Para o meu caso em particular,<br />

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