Baixar - Proppi - UFF
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Figura 11: Aula de religião conduzida por Sami Isbelle, em pé, ao fundo.<br />
chegando a 18hr30mim.<br />
Havia um sensível<br />
esvaziamento das aulas de<br />
língua árabe para as aulas<br />
de religião, o que marcava<br />
os interesses desiguais que<br />
levavam os alunos aos<br />
cursos, embora a mensalidade<br />
desse direito às duas<br />
aulas. No entanto, esse<br />
esvaziamento era variável,<br />
e com o tempo ambas as<br />
aulas tendiam a ver diminuir a frequência, assim como a diferença entre os alunos em cada<br />
aula. O tempo de curso era, como sói acontecer, um filtro separando os alunos de acordo com<br />
o nível de comprometimento e interesse nos estudos. Aqueles que estavam presentes por motivos<br />
religiosos apresentavam uma frequência relativamente constante. Muito significativamente,<br />
portanto, ao fim do curso havia se constituído um ‘núcleo duro’ entre os alunos, permitindo<br />
que uma pequena festa de confraternização acontecesse, festa promovida por um<br />
simpatizante, cristão católico tão convicto de sua crença quanto da simpatia pelo Islã. A festa<br />
contou com comida árabe providenciada pelo aluno, um senhor de cerca de 60 anos de idade.<br />
Nesse sentido, ao menos em parte a proposta do curso – sua abertura para fora e a comunicação<br />
de uma imagem positiva, porque entendida como real, verdadeira a respeito da<br />
religião, comunicação realizada por seus adeptos – havia se concretizado, sua eficácia se consumado.<br />
Precisamente, era o posicionamento frente à comunidade não muçulmana que circunda<br />
os muçulmanos, o principal objetivo. A oportunidade de conseguir receita com as aulas evidentemente<br />
aparecia, mas de forma colateral, envolvida no sentido maior da importância de<br />
divulgação do Islã, da comunicação de uma imagem de si que estivesse livre dos preconceitos<br />
circulantes. No entanto, esse posicionamento parecia envolver a expectativa de que, conhecendo<br />
uma interpretação ‘verdadeira’ do Islã, alguém que já estivesse ‘a caminho’ pudesse vir<br />
a se converter. Essa afirmação é de difícil demonstração, já que envolve o reconhecimento de<br />
uma atividade missionária que tende a ser profundamente flexibilizada pela noção de que não<br />
há compulsão nos assuntos religiosos – como um dos hadith mencionado acima. É preciso<br />
divulgar, levar a palavra, e esperar que os decididos pela reversão tomem a iniciativa de livre<br />
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