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Baixar - Proppi - UFF

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Formação e atividade<br />

Um elemento importante para a presente discussão é a formação desses atores socais na comunicação<br />

dessa codificação religiosa, já que essa formação define toda a estrutura da codificação<br />

– desde a interpretação da doutrina, até os meios pelos quais se pretende fazer circular.<br />

Seguindo as sugestões de Eickelman (1985:9), trabalho aqui com uma noção de intelectual<br />

que não é aquela formulada por Gramsci, muito próxima da formulação russa de intelligentsia,<br />

a classe educada, estudada, acadêmica e politicamente formada da sociedade, controlando<br />

os recursos políticos. Aqui, os recursos não são propriamente políticos, mas religiosos. De<br />

todo modo, os intelectuais estão marcados por certos atributos e capacidades, mais do que<br />

como grupo fechado em si e coeso. Considero útil a imagem de Paul Radin (Radin 1957), que<br />

se refere a uma classe intelectual para indicar sua realidade fenomenológica, manifesta precisamente<br />

nessa atividade criativa e interpretativa sobre determinado conjunto cosmológico.<br />

Radin tende, no entanto, a superenfatizar a atividade de indivíduos enquanto unidade básica e<br />

autônoma, ao passo que pretendo considerar aqui essa atividade interpretativa como coletivamente<br />

constituída, seja em seus propósitos, em sua consolidação e objetificação, seja considerando<br />

os circuitos translocais e transnacionais dos quais participam tais intelectuais. Pode-se<br />

falar da formação de líderes carismáticos (Weber 1944:847ss), embora seja importante considerar<br />

que esse tipo de posição envolve mistério acerca das fontes do poder carismático, e no<br />

caso em que trabalho, as fontes de poder e posição são muito bem conhecidas – livros e estudos.<br />

Procuro pensar essas figuras como ocupando posições privilegiadas via mérito, enquanto<br />

‘gurus’.<br />

Irei tratar particularmente de quatro figuras em posições estratégicas na comunidade.<br />

Assim, Munzer e Sami, irmãos, o primeiro assumindo funções no Imanato da comunidade em<br />

momento de transição, portanto tendo acesso constante ao minbar, proferindo a khutbah; o<br />

segundo, responsável pelas aulas de religião, dirigindo o departamento educacional. Fernando,<br />

envolvido com a organização do site da SBMRJ e da circulação do jornal Nurul Islam<br />

(Luz do Islã) e das aulas de religião, juntamente com Sami. Por fim, Idriss, professor de árabe.<br />

Corroborando as descrições de Gisele Chagas, temos aqui ainda um domínio do elemento<br />

árabe – Sami e Munzer tem origem síria, Idriss de formação muçulmana, é falante fluente<br />

do árabe e socializado na tradição islâmica. Fernando aqui aparece exclusivamente por<br />

meio de seu mérito no domínio do conhecimento religioso. Minhas atenções se voltam para<br />

esses elementos por serem eles figuras que estão diretamente envolvidas no controle e organização<br />

dos canais de divulgação da codificação religiosa de que irei tratar aqui. É evidente que<br />

todo aquele apto a falar sobre o Islã se manifesta na ‘conversa pequena’, nos bate-papos pelos<br />

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