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atuais ou ainda produtivas, o que não retira sua importância histórica.<br />
Tylor tem origem e formação religiosa quaker e, assim como no caso de outros autores<br />
importantes do período 27 , sua formação religiosa teve larga influência na sua definição do<br />
fenômeno religioso e nas análises que se seguiram – como sua reiterada rejeição ao excesso<br />
ritualístico católico e anglicano. Partindo de um modelo biológico e geológico de ciência do<br />
homem (Tambiah 1990:43), lyelliano mais do que darwiniano, Tylor assume a unidade psíquica<br />
do homem, que seria corroborada pela factualidade do paralelismo e independência das<br />
ocorrências culturais humanas pelo mundo. No seu esquema evolucionista, esse florescimento<br />
cultural, que parte de uma unidade fundamental, se desdobra em uma variedade de ocorrências<br />
na linha da história, de modo a expor o progresso da racionalidade humana, partindo de<br />
uma simplicidade rude e liminar com a natureza, atingindo o cume da sofisticação cultural na<br />
Europa branca cristã do século XIX. Selvageria – Barbárie – Civilização // Natureza – Cultura.<br />
Tambiah (1990:48) chama a atenção para o fato de ser Tylor o primeiro evolucionista a<br />
centrar o foco na religião para desenvolver e sustentar o sistema evolutivo cultural, diferentemente<br />
de Henry Sumner Maine, que se debruça no direito primitivo (Maine 1906 [1861]), e<br />
de Herbert Spencer, preocupado com estruturas e funções sociais (Spencer 1873). No esquema<br />
de Tylor, a religião acompanha este esquema do desenvolvimento da racionalidade humana.<br />
Cresce de um estado natural para um mais elevado, e revelado, com conteúdo moral e ético<br />
– das religiões grosseiras selvagens ao cristianismo purificado. Tylor estabelece um modelo<br />
de ciência humana intelectualista, fundada na psicologia individual como chave para a determinação<br />
das leis sociais. Nesse sentido, mais do que o rito, o que define a religião é a crença,<br />
e é a racionalidade dessa crença o que está em jogo.<br />
No primeiro volume de Primitive Culture (1920 vol.1:424) Tylor estabelece a definição<br />
mínima do fenômeno religioso. Diz ele:<br />
O primeiro requisito no estudo sistemático das religiões das raças inferiores é estabelecer<br />
uma definição rudimentar da religião. Ao exigir para essa definição a crença<br />
em uma deidade suprema ou no julgamento após a morte, a adoração de ídolos, prática<br />
de sacrifícios ou outras doutrinas e ritos mais ou menos difundidos, sem dúvida<br />
muitas tribos podem ser excluídas da categoria religião. Mas uma definição assim<br />
tão limitada tem o defeito de identificar a religião mais com desenvolvimentos particulares<br />
do que com os motivos profundos que subjazem tais desenvolvimentos. Parece<br />
melhor retornar imediatamente à fonte inicial, e afirmar simplesmente como de-<br />
27 Caso de William Robertson Smith (1846-1894), autor de Religion of the Semites (1889).<br />
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