Baixar - Proppi - UFF
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de sua objetividade.<br />
[…].<br />
Tal realidade não está, mais do que a outra, por se construir ou fundar. Ela está simplesmente,<br />
como aquela, por ser observada, analisada e remetida a suas leis. (Lévy-<br />
Bruhl 2001 [1903]:130) 38<br />
Lévy-Bruhl acompanha Durkheim, procurando compreender como a coletividade age<br />
e interfere nas consciências individuais, uma vez que a moralidade integra o conjunto das representações<br />
coletivas, que são formações sociais. É precisamente na exposição dessa tese<br />
que seu trabalho irá se debruçar sobre a mentalidade primitiva. Uma moral universal não é<br />
possível porque moralidade é uma formação social, enquanto tal é variável em cada sociedade.<br />
Em “Les fonctions mentales dans les sociétés inférieures” (1951[1910]:10) ele afirma:<br />
As representações chamadas de coletivas, definidas de maneira grosseira e sem profundidade,<br />
podem se reconhecer nos seguintes signos: são comuns aos membros de<br />
um determinado grupo social; transmitem-se no grupo de geração em geração; impõem-se<br />
aos indivíduos e despertam em seu interior, conforme o caso, os sentimentos<br />
de respeito, crença e adoração por seus objetos. Eles não dependem do indivíduo<br />
para existir. 39<br />
Não dependem do indivíduo, reproduzem-se no tempo, produzem sentimentos agregadores.<br />
A grande pergunta que Lévy-Bruhl aponta nesse trabalho é acerca da diferença: representações<br />
coletivas primitivas derivam de funções mentais como a nossa, ou derivam de outras<br />
funções mentais?<br />
As representações coletivas dos primitivos diferem, portanto, profundamente das<br />
nossas idéias e conceitos. Elas não possuem qualquer equivalente. Por um lado, como<br />
veremos em breve, elas não possuem caracteres lógicos. Por outro lado, não<br />
sendo puras representações, no sentido próprio da palavra, elas expressam, ou ao<br />
menos implicam, não somente que o primitivo tem atualmente uma imagem do objeto,<br />
e acredita que ele é real, mas também que ele espera, ou teme, em alguma medida,<br />
que uma ação determinada emane dele ou se exerça sobre ele. Trata-se de uma<br />
38 No original: « En premier lieu, il ne saurait plus être question, pour les philosophes, de « fonder» la morale.<br />
Cette prétention excessive, mais en un certain sens respectable, puisqu'elle provenait d'un besoin de rationaliser<br />
l'action, a toujours été illusoire. La morale n'a pas plus besoin d'être « fondée » que la « nature » au sens<br />
physique du mot. Toutes deux ont une existence de fait, qui s'impose à chaque sujet individuel, et qui ne lui<br />
permet pas de douter de leur objectivité. […].Cette réalité n'est pas plus que l'autre à « construire », ni à « fonder<br />
». Elle est simplement, comme l'autre, à observer, à analyser et à ramener à des lois. »<br />
39 No original: « Les représentations appelées collectives, à ne les définir qu'en gros et sans approfondir, peuvent<br />
se reconnaître aux signes suivants: elles sont communes aux membres d'un groupe social donné; elles s'y<br />
transmettent de génération en génération; elles s'y imposent aux individus et elles éveillent chez eux, selon les<br />
cas, des sentiments de respect, de crainte, d'adoration, pour leurs objets. Elles ne dépendent pas de l'individu<br />
pour exister. »<br />
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