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Baixar - Proppi - UFF

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no erro, não pode produzir efeitos positivos. Para Tylor faz parte da atividade do mágico encontrar<br />

meios eficazes de manter seu (falso) sistema em funcionamento, seja por que efeitos<br />

naturais são atribuídos à eficácia da magia e da sua intervenção; falhas nos feitiços atribuídas<br />

ao cliente ou a contrafeitiços; seja produzindo e emitindo diagnósticos e previsões genéricas,<br />

imprecisas, que podem facilmente ser enquadradas em qualquer factóide. A isso, Tambiah<br />

complementa (Tambiah 1990:46):<br />

De todo modo, uma vez que Tylor vê as artes mágicas e ocultas como superstições<br />

sem base verdadeira, em termos de uma concepção positivista da ciência, em última<br />

instância ele pode apenas atribuir sua prática à teimosia e conservadorismo da parte<br />

da humanidade, apesar de ver sua base analógica na razão humana. 31 (Ênfase minha)<br />

A base explicativa fundada na razão humana é complexa e controversa, já que se trata<br />

de uma desrazão primitiva fundamental aquilo que permite explicar as operações cognitivas<br />

envolvidas no pensamento mágico no esquema tyloriano. A religião povoa a natureza de almas<br />

e espíritos conscientes, enquanto a magia conecta pensamento e ação. O sistema mágico<br />

é falacioso, o sistema religioso é supersticioso. Historicamente sucedendo tanto o pensamento<br />

mágico quanto a religião, Tylor vê na ciência o auge do pensamento humano racional e esclarecido,<br />

com um papel muito particular nessa conjuntura: cabe à ciência e sua racionalidade<br />

modificar e impessoalizar, substituir as ideias religiosas e mágicas de força pessoal, alma,<br />

ação imediata de espíritos, por força impessoal, lei impessoal, dissolvendo o mundo de almas<br />

que povoam a natureza para a religião e a magia. Magia, religião e ciência são noções antitéticas,<br />

com qualquer continuidade histórica absolutamente solucionada pela razão científica.<br />

James Frazer (1854-1941) – antropologia vitoriana II<br />

A importância de Edward Tylor não se limita à sua obra em si, mas se estende aos pensadores<br />

que lhe seguiram e este é precisamente o caso de James Frazer, outro antropólogo britânico<br />

que foi apontado como ‘pai’ da antropologia nos novecentos 32 . A obra de Frazer é alvo de<br />

contundentes críticas há muito na história da antropologia, especialmente naquilo que a pró-<br />

31 No original: “In any case, since Tylor saw the magical and occult arts as superstitious having no basis in truth<br />

in terms of a positivistic conception of science, in the last resort he could only attribute their practice to<br />

wrongheadness and conservatism on the part of humanity, even though he saw their analogical basis in man’s<br />

reason.”<br />

32 Discordo profundamente da abordagem que Tambiah faz da obra de Frazer, não vendo nele nada mais do que<br />

um comentário de rodapé à obra de Tylor. A obra de Frazer apresenta volume e sistematicidade que lhe dignificam<br />

a um tratamento mais cuidadoso, além de desenvolver de forma interessante aspectos do pensamento de<br />

Tylor, o qual certamente lhe serve de ponto de partida, mas ao qual acrescenta importantes contribuições, como<br />

aquela que diz respeito à teoria da associação de ideias, que é um tanto vaga em Tylor, assim como a melhor<br />

caracterização e refinamento das definições e relações entre magia, ciência e religião.<br />

32

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