01.06.2014 Views

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

diretamente a este trabalho.<br />

A proposta de Whitehouse é pensar em dois modos de religiosidade cujos desdobramentos<br />

seguem definindo economias informacionais – para manter a expressão de Barth – e<br />

processos cognitivos (Whitehouse 2000:23-30), formação e organização de grupos sociais<br />

(:49-53), associações políticas (:99-124), processos históricos (:147-159), constituição de<br />

memória. Trata-se de duas tendências nas configurações de dinâmicas político-religiosas, de<br />

modo que jamais se excluem mutuamente de forma completa nas formações sociais, ou seja,<br />

podem, e frequentemente estão presentes em uma mesma comunidade, uma mesma denominação<br />

religiosa. Whitehouse defende a seguinte classificação:<br />

- modo imagístico: uma configuração religiosa típica de pequenas comunidades, com tradições<br />

fragmentadas de ritual e culto. A transmissão do conhecimento religioso se efetiva por<br />

ações coletivas de caráter esporádico, evocando imagens icônicas multivocais em sua codificação<br />

e produzindo laços sociais particularizantes e altamente coesos. A memória produzida<br />

nesse modo religioso é episódica. Etnograficamente, Whitehouse se refere aos ritos de terror<br />

melanésios.<br />

- modo semântico: configuração típica de religiões mundiais, sociedades complexas e em larga<br />

escala, com codificação religiosa por meio de corpo coerente de doutrinas, formas rotinizadas<br />

de culto e comunidades anônimas. A memória aqui se constitui por um corpo geral de<br />

conhecimento, sistematizado e racionalizado. No caso de Whitehouse, a referência é à religião<br />

dos missionários cristãos na Melanésia, mas a estrutura geral é a de qualquer religião que pregue<br />

universalismo e permita proselitismo, como o Islã.<br />

A associação entre os modos de religiosidade e as figuras religiosas é imediata. O modo<br />

imagístico comporta a figura do iniciador, ao passo que o modo semântico, a figura do<br />

guru. O autor procura estabelecer um estreito diálogo com a psicologia, na medida em que<br />

entende que processos sociais religiosos que envolvem a produção de coesão comunitária não<br />

podem ser explicados somente em termos sociológicos 62 , já que coesão envolve produção de<br />

identidades compartilhadas (common identities) e, portanto, memória.<br />

Em último caso, temos que assumir que as pessoas se lembram de certos símbolos,<br />

representações históricas, posturas e estereótipos, eventos experienciados, modos de<br />

comportamento e uma grande variedade de outros fenômenos que são usados para<br />

definir caráter, fronteiras e relações de categorias e grupos. (Whitehouse 2000:5 63 )<br />

62 A recusa nesse tipo de aproximação entre a sociologia e a psicologia seria uma herança durkheimiana. Cf.<br />

Whitehouse (2000:4ss).<br />

63 No original: “At the very least, we must assume that people remember certain emblems, historical representations,<br />

attitudinal stances and stereotypes, experienced events, ways of behaving, and a great variety of other<br />

phenomena that are used to define the character, boundaries, and relations of social categories and groups.”<br />

60

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!