VIAGEM A âMOJAVE-ÃKI!â - Faders
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obrigada a esperar que os mesmos terminem, sem nenhuma atividade alternativa.<br />
Ela fica “sonhando” nestas horas, parecendo estar longe dali. Este comportamento<br />
não é aceito por uma das professoras que, constantemente, chamava a atenção da<br />
menina, perguntando se ela era surda.<br />
Novas fichas foram entregues para os pais e para a escola, no ano de 2003.<br />
Somente a ficha dos pais foi devolvida; a escola sequer entrou em contato com o<br />
Centro, apesar das tentativas de aproximação feitas pela equipe do CEDEPAH. Foi,<br />
então, encaminhada uma solicitação à Direção Técnica da FADERS, visando ao<br />
deslocamento para a cidade onde a menina reside, com o objetivo de conhecer sua<br />
realidade e contatar com a escola. Por dificuldades administrativo-financeiras, a solicitação<br />
não foi autorizada ficando, assim, impossibilitado o contato direto com a escola,<br />
nesse período, sendo esta ação realizada no ano seguinte.<br />
Em 2004, visitei a Escola Saint Claire, localizada numa cidade uruguaia que faz<br />
fronteira com o município onde a menina reside. Trata-se de uma fronteira com características<br />
peculiares, pois, como somente uma rua divide os dois municípios, temse<br />
a impressão de que se trata de uma só cidade, cortada por uma praça, que delimita<br />
a localização de dois grupos, um a cada lado dela. O trânsito de uma cidade para<br />
outra é feito sem nenhuma burocracia. No entanto, no depoimento de Carla, colhido<br />
nesta entrevista de acompanhamento, apareceu o choque cultural existente entre<br />
as duas cidades, manifestado pelo relato do preconceito existente por parte dos<br />
uruguaios, em relação ao brasileiro, que é percebido como festeiro, boêmio, “sambista”,<br />
“bon vivant” e superficial. A mãe manifesta seu descontentamento com os<br />
procedimentos da Escola, dizendo que nada que a filha (brasileira) faz é reconhecido<br />
pelos professores (uruguaios) como positivo.<br />
Nessa visita, fomos recebidas pelas duas diretoras da Escola, que tem o seguinte<br />
funcionamento:<br />
a) pela manhã o currículo escolar é desenvolvido em inglês, com normativas<br />
pedagógicas inglesas e uma diretora inglesa;<br />
b) pela tarde, o currículo é orientado pelas normativas pedagógicas do Uruguai,<br />
em língua espanhola e a escola é dirigida por uma diretora uruguaia.