VIAGEM A âMOJAVE-ÃKI!â - Faders
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domínio atravessa todos os demais, contribuindo significativamente para conhecer<br />
quais os pontos fortes e os pontos fracos das crianças e para construir um perfil narrativo<br />
dos alunos. (GARDNER, FELDMAN; KRECHEVSKI, 2001a; RAMOS-FORD; GARDNER,<br />
1991)<br />
Um outro aspecto a ser analisado dentro deste domínio é a memória. Para<br />
Flavell, Miller e Miller (1999, p.189), a memória tem fator preponderante para a formação<br />
de nossa noção como sujeitos e “[...] nossa capacidade de conceitualizar a<br />
constância e a mudança no mundo à nossa volta”. É através da memória que realizamos<br />
o armazenamento e a recuperação das informações relativas aos conhecimentos<br />
adquiridos.<br />
Paulo apresenta uma memória fantástica, observada com mais profundidade<br />
nas sessões mensais individuais de acompanhamento, durante os dois anos que<br />
seguiram as entrevistas iniciais do grupo de identificação. O menino manteve, durante<br />
todas as sessões, o mesmo tema no brinquedo – a invasão da casa da família pelos<br />
animais. Apesar de haver uma conotação bastante agressiva em seu jogo simbólico,<br />
no sentido dos animais quererem retomar seu espaço (Mojáve-Óki) invadido pela<br />
família, os animais nunca conseguiam seu intento, ficando sempre a finalização<br />
para a sessão seguinte. Na sessão que seguia, Paulo recomeçava o brinquedo no<br />
ponto em que havia terminado anteriormente, evidenciando que o material exposto -<br />
a casinha, a família terapêutica e os animais - funcionavam como estímulos para a<br />
recuperação da temática desenvolvida no mês anterior. Quando acontecia dos animais<br />
não estarem à disposição, o menino os solicitava. Era como se o mês não tivesse<br />
transcorrido e o nosso encontro tivesse sido realizado no dia anterior.<br />
Somente com o nascimento do irmão os personagens modificaram-se: os animais<br />
saíram de cena, permanecendo somente a família terapêutica. A temática permaneceu<br />
sendo a luta pela conquista do lugar, acrescida de personagens humanos<br />
superpoderosos, que venciam os perigos que surgiam. Nestas últimas sessões, apareceu<br />
a avaliação dos seus próprios sentimentos ao final de cada entrevista, percebida<br />
como “boa” na medida em que permitiam sua livre expressão.<br />
Cabe, também, destacar as verbalizações de Roberto nesta unidade de análise.<br />
Roberto interrompe, por duas vezes, meu diálogo com Paulo. Na primeira interrupção,<br />
o menino refere que: “Eu via ali o cachorro, foi lá embaixo... lá embaixo comer<br />
os dois”. Na segunda interrupção, Roberto diz que “O meu pai tem um carro de<br />
Chevette”. Como os temas tratados nesta estrutura narrativa eram os insetos e o uso