VIAGEM A âMOJAVE-ÃKI!â - Faders
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O quebra-cabeça escolhido por Luciano constituía-se de oito cartelas vazadas,<br />
com figuras de personagens e animais encontrados num circo, recortados em formas<br />
geométricas diferentes. Assim, na resolução desse jogo, as crianças executavam<br />
duas ações: completar as cartelas, considerando as formas geométricas e o<br />
conteúdo das figuras, e juntar as cartelas, obedecendo a ordem das figuras e dos<br />
encaixes, formando um trem.<br />
As três operações principais para resolver a tarefa de montar um quebracabeça<br />
são: observar o modelo que mostra a figura integral, selecionar as peças que<br />
formam esse todo, juntar essas peças. Pela análise da dimensão visual, pode-se observar<br />
que o comportamento de Geraldo indica que o menino está na passagem da<br />
representação tátil-cinestésica do espaço para a visual perceptiva. A aquisição dessa<br />
imagem visual do espaço significa que as formas reconhecidas perceptivamente<br />
são utilizadas pela representação figurada (PIAGET e INHELDER, 1948/1993). No entanto,<br />
para Geraldo, a forma ainda tem papel preponderante na estratégia de resolução<br />
do problema - encaixar a peça que falta, no lugar vazio.<br />
Geraldo não considera os demais elementos do objeto, principalmente a figurafundo.<br />
Explicando melhor, percebe-se o interesse do menino em buscar os “mapas”,<br />
que complementam as figuras, mas a preponderância da percepção da forma impede<br />
que ele se preocupe com os outros componentes da figura, impossibilitando a reconstrução<br />
da imagem global.<br />
É interessante destacar, aqui, que os pais de Geraldo, quando buscaram o<br />
CEDEPAH para a identificação das altas habilidades/superdotação no filho, referiam<br />
a montagem de quebra-cabeça sobre mapas de diferentes países como sendo a sua<br />
habilidade mais destacada. Geraldo faz uma alusão direta à atividade realizada em<br />
casa, com os pais, pois ao buscar outro quebra-cabeça – nomeado como mapa -,<br />
para encaixar a forma redonda, evidencia que, em sua representação, todos os quebra-cabeças<br />
são “mapas”. Esse comportamento de Geraldo pode ser entendido,<br />
segundo Piaget e Inhelder (1948/1993, p.40), considerando-se que “[...] as percepções<br />
da criança permanecem ainda passivas ou estáticas; ao invés de integrarem-se<br />
num sistema de coordenação sensório-motriz que as liga umas às outras”.