VIAGEM A âMOJAVE-ÃKI!â - Faders
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binóculo. Depois bate a tampa da<br />
lata na casinha.<br />
Paulo faz um gesto como se tivesse<br />
expelindo algo. Geraldo aproximase<br />
de Paulo com o leão na mão.<br />
Paulo pega uma boneca na casinha<br />
(a empregada) e atira a boneca de<br />
forma impulsiva, quase acertando<br />
em Geraldo e Nara que se encontram<br />
na sua frente.<br />
Paulo volta a brincar com a tampa<br />
da lata. Parece meio sem jeito com<br />
a intervenção de Nara. Geraldo pegou<br />
a boneca que Paulo atirou e fica<br />
arrumando a mesma.<br />
ro cocozento.<br />
G: super.....??????<br />
P: Superbatatão de vômito cagado.<br />
P: Supercagão! Supercagadão.<br />
P: Supermijinho....Eu mijo na cara<br />
de (??) (atira o boneco longe).<br />
G: Eu mijo na cara da cabeçuda...<br />
P: Escudo de cocô.<br />
N: Humm...<br />
N: Quanto super aí, hein?<br />
N: Tem muito super. Supercagão,<br />
superbarata, supermijão...<br />
N: Opa! Daí tem que cuidar quando<br />
atira assim, né Paulo?<br />
N: A gente pode brincar, mas tem<br />
que cuidar prá não machucar o outro,<br />
tá?<br />
À medida que os meninos percebem que não há, de minha parte, uma repressão,<br />
pois, pelo contrário eu confirmo que ali é o lugar para falar de todas as coisas<br />
(Têm que aproveitar para falar tudo que não dá para falar lá fora.) e os desafio a<br />
produzir e a refletir sobre o assunto (...é bom falar em cocô... falar em xixi...), os meninos<br />
parecem estabelecer um duelo entre si, usando a criação de palavras e rimas<br />
como arma:<br />
P: Super-raio de cocô de fogo!<br />
G: Superxixi!<br />
P: Escudos protetores de raios de cocô!<br />
Desafiados por mim, quando pergunto “O xixi é parecido com a água e o cocô<br />
é parecido com o quê?”, Paulo mostra uma atitude de reflexão, encarando a pergunta<br />
com seriedade, enquanto Geraldo responde impulsivamente, continuando na brincadeira.<br />
Apesar dos diálogos estabelecidos pelos meninos parecerem desconexos, eles<br />
retratam a importância do momento de vida que os mesmos estão passando. A análise<br />
da dimensão verbal do diálogo apresentado na Tabela 7, desde um enfoque que<br />
considere as etapas do desenvolvimento afetivo, mostra que o foco das atenções de<br />
Paulo e Geraldo é o controle dos esfíncteres e as diferenças entre homens e mulheres.<br />
Observa-se que Paulo, ao marcar as diferenças que ele entende que há entre o<br />
“homem popozudo” e a “mulher popozuda”, evidencia o processo de identificação de<br />
gênero. Este momento parece intervir significativamente no seu entendimento do<br />
sentido da palavra, fazendo com que determine as diferenças entre o homem e a<br />
mulher: “[...] homem que tem a bunda menor que ele (mostra a barata em sua mão)”