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VIAGEM A “MOJAVE-ÓKI!” - Faders

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129<br />

binóculo. Depois bate a tampa da<br />

lata na casinha.<br />

Paulo faz um gesto como se tivesse<br />

expelindo algo. Geraldo aproximase<br />

de Paulo com o leão na mão.<br />

Paulo pega uma boneca na casinha<br />

(a empregada) e atira a boneca de<br />

forma impulsiva, quase acertando<br />

em Geraldo e Nara que se encontram<br />

na sua frente.<br />

Paulo volta a brincar com a tampa<br />

da lata. Parece meio sem jeito com<br />

a intervenção de Nara. Geraldo pegou<br />

a boneca que Paulo atirou e fica<br />

arrumando a mesma.<br />

ro cocozento.<br />

G: super.....??????<br />

P: Superbatatão de vômito cagado.<br />

P: Supercagão! Supercagadão.<br />

P: Supermijinho....Eu mijo na cara<br />

de (??) (atira o boneco longe).<br />

G: Eu mijo na cara da cabeçuda...<br />

P: Escudo de cocô.<br />

N: Humm...<br />

N: Quanto super aí, hein?<br />

N: Tem muito super. Supercagão,<br />

superbarata, supermijão...<br />

N: Opa! Daí tem que cuidar quando<br />

atira assim, né Paulo?<br />

N: A gente pode brincar, mas tem<br />

que cuidar prá não machucar o outro,<br />

tá?<br />

À medida que os meninos percebem que não há, de minha parte, uma repressão,<br />

pois, pelo contrário eu confirmo que ali é o lugar para falar de todas as coisas<br />

(Têm que aproveitar para falar tudo que não dá para falar lá fora.) e os desafio a<br />

produzir e a refletir sobre o assunto (...é bom falar em cocô... falar em xixi...), os meninos<br />

parecem estabelecer um duelo entre si, usando a criação de palavras e rimas<br />

como arma:<br />

P: Super-raio de cocô de fogo!<br />

G: Superxixi!<br />

P: Escudos protetores de raios de cocô!<br />

Desafiados por mim, quando pergunto “O xixi é parecido com a água e o cocô<br />

é parecido com o quê?”, Paulo mostra uma atitude de reflexão, encarando a pergunta<br />

com seriedade, enquanto Geraldo responde impulsivamente, continuando na brincadeira.<br />

Apesar dos diálogos estabelecidos pelos meninos parecerem desconexos, eles<br />

retratam a importância do momento de vida que os mesmos estão passando. A análise<br />

da dimensão verbal do diálogo apresentado na Tabela 7, desde um enfoque que<br />

considere as etapas do desenvolvimento afetivo, mostra que o foco das atenções de<br />

Paulo e Geraldo é o controle dos esfíncteres e as diferenças entre homens e mulheres.<br />

Observa-se que Paulo, ao marcar as diferenças que ele entende que há entre o<br />

“homem popozudo” e a “mulher popozuda”, evidencia o processo de identificação de<br />

gênero. Este momento parece intervir significativamente no seu entendimento do<br />

sentido da palavra, fazendo com que determine as diferenças entre o homem e a<br />

mulher: “[...] homem que tem a bunda menor que ele (mostra a barata em sua mão)”

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