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VIAGEM A “MOJAVE-ÓKI!” - Faders

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ser “tralha”? Segundo o dicionário da língua portuguesa Luft (s/d), “tralha” quer dizer<br />

cacareco, bagagem, mobília pobre. No dito popular, tralha é tudo aquilo que não tem<br />

valor, por estar muito usado e desgastado. Será que é assim que Paulo se sentia? O<br />

que representa nascer/viver em um país? Ter uma nacionalidade? O que é ter uma<br />

língua própria? Ter símbolos próprios? Entendi, nesse momento, que Paulo estava<br />

querendo me dizer outras coisas, para além do seu interesse por países, línguas,<br />

símbolos e animais. Ele me oferecia as pistas que eu necessitava para poder, mais do<br />

que buscar indicadores do comportamento de altas habilidades/superdotação, entender<br />

o seu significado no processo de constituição destas pessoas como sujeitos psíquicos.<br />

Assim, “Viagem a MOJAVE-ÓKI” se constitui no desafio de conhecer o mundo<br />

em que estas pessoas vivem, através do entendimento da formação de sua identidade<br />

como sujeito com altas habilidades/superdotação.<br />

Antes de concluir o relato de minha trajetória ao escrever esta tese, quero trazer<br />

uma última questão: a problematização da vivência, concomitante, de dois papéis,<br />

dentre tantos outros: o de profissional, que trabalha diretamente com esses sujeitos;<br />

e o de investigadora, que estuda os fenômenos ligados às altas habilidades/<br />

superdotação.<br />

Renzulli (2004) justifica sua atuação teórico/prática confessando que somente<br />

o desenvolvimento de conceitos teóricos nunca o satisfez, pois ele entende que é<br />

necessário dar a mesma atenção, tanto à criação de instrumentos, procedimentos e<br />

estratégias, quanto ao desenvolvimento da teoria. O autor salienta ainda que a busca<br />

simultânea de contribuições teóricas e práticas tem vantagens e desvantagens. A<br />

primeira vantagem é a possibilidade de que, estando no ambiente onde a teoria é<br />

aplicada, temos maiores chances de observar a efetividade de sua utilização no cotidiano<br />

pedagógico. Além disto, a abordagem “teoria-na-prática” favorece a geração<br />

de outras questões/hipóteses que darão consistência aos nossos estudos. A segunda<br />

vantagem, para Renzulli (2004, p.77), diz respeito ao favorecimento do contato direto<br />

com “[...] as imagens, sons e cheiros das escolas e salas de aula reais e com<br />

desafios práticos e políticos as pessoas que nelas trabalham”. Por último, uma terceira<br />

vantagem reside em uma participação mais efetiva dos profissionais envolvidos<br />

com a prática, tornando-os co-autores de pesquisas e procedimentos de trabalho.<br />

A desvantagem, para Renzulli (2004), é a dicotomia existente entre a teoria e<br />

prática, ou seja, uma mesma teoria pode gerar práticas diferenciadas, favorecendo,<br />

desta forma, uma maior exposição das práticas às críticas. Este pensamento é justificado<br />

pelo autor ao destacar que, na maioria das vezes, os profissionais que executam<br />

as práticas nem sempre entendem exatamente a formulação teórica e acabam

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