VIAGEM A âMOJAVE-ÃKI!â - Faders
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Luciano, durante boa parte das atividades do grupo, teve um especial interesse<br />
por esse brinquedo. Ao nomeá-lo de “piscina de bolinhas”, o menino evidenciou o<br />
(re)conhecimento de um outro objeto conhecido, que não estava presente na sala.<br />
Algumas qualidades de semelhança entre os dois brinquedos – pequenos materiais<br />
coloridos dentro de um recipiente – provocaram essa nomeação, a qual foi prontamente<br />
aceita e integrada pelos demais participantes desse grupo.<br />
Apesar de não haver uma comunicação oral da intenção de não compartilhar o<br />
brinquedo com Vitória, Luciano deixa clara essa idéia, através de suas ações de fechar<br />
repetidamente o baú de Legos e sentar-se em cima da tampa, sempre que a<br />
menina dele se aproximava. Tal comportamento traduz o que Flavell, Miller e Miller<br />
(1999) apresentam como nível de conhecimento social egocêntrico, ou seja, a criança<br />
percebe o objeto como sua propriedade, que só pode ser usado/representado da<br />
forma como ela o percebe.<br />
Reforça essa idéia de “posse” de Luciano, o fato de que Geraldo, no início dessa<br />
unidade de análise, não é interpelado pelo colega. Parece-me que há um acordo<br />
tácito entre os meninos: usar o brinquedo como “piscina de bolinhas”.<br />
Vitória quer usar os Legos de acordo com a proposição original do fabricante –<br />
juntando as peças e montando alguma figura -, mas Luciano não permite, e “fala” isso<br />
para a colega através de ações. Vitória solicita a intervenção do adulto para resolver<br />
o impasse. Primeiramente, busca a mãe indo para a sala contígua, onde está<br />
o grupo de pais. Muda de idéia no caminho e se dirige a mim, solicitando ajuda, mas<br />
sem especificar o que está acontecendo.<br />
Um aspecto importante a salientar nesta situação é a atitude de Vitória que traduz<br />
sua maturidade social e afetiva ao transferir para outro adulto a busca pela satisfação<br />
de sua necessidade. Tal comportamento também evidencia a importância dos<br />
vínculos afetivos, pois Vitória, além de reconhecer outra figura de autoridade, também<br />
demonstrou confiança e empatia.<br />
Como estou envolvida com a tarefa de guardar os brinquedos com os meninos,<br />
não dou a atenção devida ao pedido de Vitória, apesar de abraçar a menina. Porém,<br />
ao chamar Geraldo para guardar aqueles brinquedos que tirou da caixa, auxilio, indiretamente,<br />
na solução desse problema. Tal como Pontecorvo, Ajello e Zucchermaglio<br />
(2005) afirmam, essa situação não foi melhor aproveitada por mim, no sentido<br />
de auxiliar as crianças a construir seu conhecimento social, apesar de que fica claro,