VIAGEM A âMOJAVE-ÃKI!â - Faders
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des/superdotação: o comprometimento com a tarefa e os estilos de trabalho adotados<br />
pela criança. Geraldo, durante as atividades, mostrou um comportamento esperado<br />
para sua faixa etária – centrado em si próprio, atento a todos os estímulos e<br />
dispersando-se com facilidade, muito falante e participativo, com dificuldade de organização<br />
dos materiais. Trabalhava/brincava num ritmo rápido e de forma impulsiva,<br />
com atenção flutuante, dificultando a finalização e o planejamento da tarefa –<br />
comportamentos estes esperados para esta faixa etária. A estratégia usada para resolver<br />
os problemas foi o reconhecimento visual dos objetos, quase sempre considerando<br />
somente um fator do mesmo: forma, cor ou tamanho. Tal estratégia foi utilizada<br />
até mesmo na área em que o menino apresenta pontos fortes. Portanto, entendo<br />
que a percepção do comportamento diferenciado para sua idade por parte dos pais,<br />
além de estar associada a uma capacidade precocemente desenvolvida na área espacial,<br />
também deve estar associada ao desejo de compensação das frustrações<br />
paternas. Como já foi relatado, o pai de Geraldo apresentava indicadores de altas<br />
habilidades/superdotação e a transferência deste potencial para o filho pode ter o<br />
objetivo de resgatar aspectos que não foram contemplados em sua própria história.<br />
Respondendo à segunda pergunta – se é possível identificar comportamentos<br />
com indicadores de altas habilidades/superdotação em crianças com faixa etária da<br />
Educação Infantil – minha resposta é sim, é possível. Paulo e Vitória, ao contrário de<br />
Geraldo, evidenciaram condutas que chamavam a atenção, pois, além de serem a-<br />
vançadas para sua faixa etária – portanto, precoces - também se salientavam por<br />
seus procedimentos e processamentos diferenciados, além de mostrarem consciência<br />
de sua diversidade.<br />
Guirado (1998, p. 185) enfatiza que, desde um recorte psicanalítico, o ser humano<br />
nasce num estado de indiferenciação primitiva e vai modificando esse vínculo,<br />
“[...] para atingir um sentido de realidade e uma identidade, isto é uma organização<br />
possível entre tantas 26 de identidade e de mundo ou realidade”. Cabe aqui destacar<br />
a construção da subjetividade no ser humano, já que os sujeitos de meu estudo encontram-se<br />
na fase mais rica desta estruturação – a primeira infância. Neste período,<br />
segundo Duveen (1998, p. 83),<br />
[...] a criança torna-se antes de tudo um objeto no mundo representacional<br />
dos outros, que ancoram esse ser novo e desconhecido numa classificação<br />
especial, lhe dão um nome particular e objetivam suas representações nas<br />
formas como interagem com ele.<br />
26 Grifos da autora.