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VIAGEM A “MOJAVE-ÓKI!” - Faders

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174<br />

des/superdotação: o comprometimento com a tarefa e os estilos de trabalho adotados<br />

pela criança. Geraldo, durante as atividades, mostrou um comportamento esperado<br />

para sua faixa etária – centrado em si próprio, atento a todos os estímulos e<br />

dispersando-se com facilidade, muito falante e participativo, com dificuldade de organização<br />

dos materiais. Trabalhava/brincava num ritmo rápido e de forma impulsiva,<br />

com atenção flutuante, dificultando a finalização e o planejamento da tarefa –<br />

comportamentos estes esperados para esta faixa etária. A estratégia usada para resolver<br />

os problemas foi o reconhecimento visual dos objetos, quase sempre considerando<br />

somente um fator do mesmo: forma, cor ou tamanho. Tal estratégia foi utilizada<br />

até mesmo na área em que o menino apresenta pontos fortes. Portanto, entendo<br />

que a percepção do comportamento diferenciado para sua idade por parte dos pais,<br />

além de estar associada a uma capacidade precocemente desenvolvida na área espacial,<br />

também deve estar associada ao desejo de compensação das frustrações<br />

paternas. Como já foi relatado, o pai de Geraldo apresentava indicadores de altas<br />

habilidades/superdotação e a transferência deste potencial para o filho pode ter o<br />

objetivo de resgatar aspectos que não foram contemplados em sua própria história.<br />

Respondendo à segunda pergunta – se é possível identificar comportamentos<br />

com indicadores de altas habilidades/superdotação em crianças com faixa etária da<br />

Educação Infantil – minha resposta é sim, é possível. Paulo e Vitória, ao contrário de<br />

Geraldo, evidenciaram condutas que chamavam a atenção, pois, além de serem a-<br />

vançadas para sua faixa etária – portanto, precoces - também se salientavam por<br />

seus procedimentos e processamentos diferenciados, além de mostrarem consciência<br />

de sua diversidade.<br />

Guirado (1998, p. 185) enfatiza que, desde um recorte psicanalítico, o ser humano<br />

nasce num estado de indiferenciação primitiva e vai modificando esse vínculo,<br />

“[...] para atingir um sentido de realidade e uma identidade, isto é uma organização<br />

possível entre tantas 26 de identidade e de mundo ou realidade”. Cabe aqui destacar<br />

a construção da subjetividade no ser humano, já que os sujeitos de meu estudo encontram-se<br />

na fase mais rica desta estruturação – a primeira infância. Neste período,<br />

segundo Duveen (1998, p. 83),<br />

[...] a criança torna-se antes de tudo um objeto no mundo representacional<br />

dos outros, que ancoram esse ser novo e desconhecido numa classificação<br />

especial, lhe dão um nome particular e objetivam suas representações nas<br />

formas como interagem com ele.<br />

26 Grifos da autora.

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