09.05.2015 Views

VIAGEM A “MOJAVE-ÓKI!” - Faders

VIAGEM A “MOJAVE-ÓKI!” - Faders

VIAGEM A “MOJAVE-ÓKI!” - Faders

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

107<br />

Depois que o menino permitiu que a mãe trouxesse seus trabalhos produzidos<br />

em casa, a temática de Mojave-Óki foi adicionada ao brinquedo. Desta entrevista em<br />

diante, os bichos e as pessoas iniciaram um processo de negociação de seus espaços<br />

com os bichos, construindo novas casas e buscando novos espaços para si próprios.<br />

Analisando o material trazido pela mãe, pode-se observar a riqueza de detalhes<br />

que compõe as criações de Paulo (Anexo K). Ao ser questionado sobre sua invenção,<br />

ele me diz que antes de ser Mojáve-Óki, o país que ele inventou chamavase<br />

Soutrália e, antes de ser um país, ele era um estado. A cada encontro, Mojave-<br />

Óki apresentava novas configurações, estando sempre em constante mudança.<br />

No segundo semestre de 2003, a vida de Paulo sofreu uma grande modificação,<br />

pois sua mãe engravidou. A chegada deste irmão provocou em Paulo sentimentos<br />

muito contraditórios, comuns a qualquer outra criança. Ao mesmo tempo em que<br />

o menino se alegrava com a possibilidade de ter um companheiro – ele queria um<br />

irmão -, também externava, em suas brincadeiras, a raiva que sentia por não ser<br />

mais o único alvo das atenções dos pais. Neste período, ele deixou de centrar o foco<br />

de suas brincadeiras nos animais e passou a usar somente a casinha e as figuras<br />

humanas – Família Terapêutica - em seu jogo simbólico.<br />

Com o nascimento de Leandro, no início de 2004, Paulo concentrou sua agressão<br />

na figura do menino da Família Terapêutica - chamado de Joãozinho. No final<br />

de uma destas entrevistas, onde Paulo massacrou Joãozinho, eu disse, brincando<br />

com ele, na saída, que cuidasse bem do Joãozinho. Para minha surpresa, Paulo<br />

respondeu, com ar sorridente: “O nome dele não é Joãozinho. É Leandro!” Nesta<br />

mesma entrevista, Paulo fez, espontaneamente, uma avaliação das atividades (e de<br />

seus sentimentos), externando o quanto elas haviam sido boas e significativas para<br />

ele, atitude que se repetiu em outros encontros .<br />

No final de 2004, estava previsto o encerramento das entrevistas de acompanhamento<br />

deste estudo. Nesta última, Paulo e seus pais assistiram ao vídeo, no qual<br />

foram apresentadas as estruturas narrativas analisadas nesta investigação. Durante<br />

essa entrevista, inicialmente, Paulo parecia chateado, manifestando por diversas vezes<br />

seu desejo de que acabasse logo para irmos brincar. Com a observação de suas<br />

imagens, Paulo foi se interessando e contribuindo com elas, acrescentando o que<br />

deveria ser feito/dito e que ele, naquele momento, não fez/disse, principalmente no<br />

domínio da Matemática. Os pais assistiram ao filme com muita atenção e sem nada<br />

falar. No término da atividade, eles avaliaram a importância da filmagem e da seleção<br />

feita, pois, além de contribuir para a definição dos indicadores das altas habili-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!