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A representação feminina nos lendários gaúcho e quebequense

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concretamente reversível para mim) são superados pelo conhecimento, que<br />

constrói um universo único e de significado geral, em todos os sentidos totalmente<br />

independente daquela posição única e concreta ocupada por esse ou aquele indivíduo<br />

(BAKHTIN, 2003, p. 21-22).<br />

O sujeito, conforme propõe Bakhtin, é constituído na interação, e seu espaço é o<br />

intervalo formado entre consciência e determinação social. O sujeito está, portanto,<br />

atravessado por outras subjetividades, pois se localiza nessa linha tênue e decisória. E é o<br />

mesmo sujeito que vai fazer com que os mitos se tornem atuais e permaneçam vivos,<br />

exemplos de comportamentos a serem seguidos ou evitados. Os narradores dos relatos orais<br />

surgem desse movimento de interação, que tem seu espaço formado entre a consciência do<br />

indivíduo e aquilo que a sociedade determina como dogma ou paradigma.<br />

O diálogo, que nada mais é do que a interação verbal realizada por meio de sig<strong>nos</strong><br />

ideológicos entre um eu e um outro é, também, a base para a concepção de sujeito (formado a<br />

partir do diálogo com outro sujeito e com o meio sociocultural em que está inserido), de<br />

discurso (formado a partir do diálogo com outros discursos e com a(s) sociedade(s) em que<br />

estes são veiculados), de signo (entendido a partir da relação com outros sig<strong>nos</strong> sociais), entre<br />

outras concepções que norteiam o pensamento bakhtiniano a respeito das ciências humanas<br />

modernas. Assim, podemos entender os estudos de Bakthin como que visando a um<br />

relacionamento entre o individual e o coletivo, pois os discursos – formados por sig<strong>nos</strong> e<br />

utilizados subjetivamente – coexistem dialogicamente em uma estrutura social. Bakhtin<br />

(2203, p. 30) afirma que há, por parte do sujeito, um querer dizer que tem ampla influência na<br />

formação do enunciado:<br />

Em qualquer enunciado, desde a réplica cotidiana monoleximática até as grandes<br />

obras complexas científicas ou literárias, captamos, compreendemos, sentimos o<br />

intuito discursivo ou querer dizer do locutor que determina o todo do enunciado: sua<br />

amplitude, suas fronteiras. [...] O intuito, o elemento subjetivo do enunciado entra<br />

em combinação com o objeto do sentido – objetivo – para formar uma unidade<br />

indissolúvel, que ele limita, vincula à situação concreta (única) da comunicação<br />

verbal, marcada pelas circunstâncias individuais, pelos parceiros individualizados e<br />

suas intervenções anteriores: seus enunciados.<br />

A relação conteúdo-forma é algo indissociado, já que a intenção do autor é objetivada<br />

no discurso sob uma determinada forma, que não poderia ser diferente e é constitutiva do momento<br />

em que os conhecimentos empíricos dele vêm à tona, como um reflexo, com o objetivo de marcar a<br />

individualidade no real. Nesse sentido, fica claro um duplo aspecto a ser considerado: o processo de<br />

objetivação do fazer humano é orientado pelo momento subjetivo, que pressupõe uma leitura do<br />

mundo, uma intencionalidade, um conhecimento técnico e, ao mesmo tempo, todo o resultado<br />

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