TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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discursiva adotada pelo locutor para tornar a informação aparentemente neutra,<br />
imparcial, clara e objetiva. Não basta regulamentar, é necessário que se respeite o<br />
cidadão. O que o locutor pretende aqui, e que é também exigência do tipo dissertativo-argumentativo,<br />
é dar aos fatos veracidade tal que comuniquem por si só. “Além<br />
disso, família e escola devem se unir a fim de levarem as crianças a desenvolverem um<br />
olhar crítico sobre as mensagens que as atingem diariamente”. Não é mais a opinião<br />
do locutor que está em evidência, nem de um enunciador instaurado por ele, mas os<br />
fatos, as informações, como ocorre ao se enunciar que “Os pais poderiam ‘boicotar’<br />
produtos relacionados a mensagens publicitárias inadequadas”, o que se evidenciaria<br />
nas ações de boicote das compras por parte dos pais e na eventual construção de<br />
projetos de ensino para alertar sobre o ato de consumir por parte das escolas. Por isso,<br />
o locutor faz a escolha por certas estruturas linguísticas como repetições, inversões,<br />
eliminação de elementos sintáticos etc.<br />
Nos enunciados introduzidos por verbos na terceira pessoa, o que ganhou evidência<br />
foi a informação. Essa estratégia foi tomada pelo locutor para que fosse alcançado o<br />
objetivo do texto dissertativo-argumentativo: mostrar a veracidade ou a propriedade<br />
da proposição defendida. Para tanto, o locutor procurou evitar que as ideias fossem<br />
vinculadas pessoal ou subjetivamente a ele. Por isso, ao escrever seu texto, o autor<br />
apresentou as informações como pertencentes a todos. Essa estratégia de manter<br />
distância (POSSENTI, 2002) fica mais evidente, no caso da redação analisada, nas<br />
proposições em que são apresentadas as propostas de solução para o problema discutido<br />
com o uso de verbos na terceira pessoa.<br />
A análise apresentada é uma tentativa de elucidar o tema na mente daqueles que se<br />
desafiam a avaliar os indícios de autoria. Essa é uma categoria de análise que ainda<br />
está em seu estado embrionário, desafiando os autores que têm a responsabilidade<br />
social pelo que dizem e, diante do ofício, assumem seu compromisso ético e político<br />
pelo que põem a circular na sociedade. São autores como nós, que, embrenhados no<br />
desafio de compreender os indícios da autoria, dão vez e voz a outros enunciadores.<br />
Referências<br />
ARRUDA-FERNANDES, V. M. B. Argumentação pressuposição e ideologia: análise<br />
de textos publicitários. 1997. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas,<br />
Campinas, 1997.<br />
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas,<br />
1990.<br />
A AVALIAÇÃO DOS INDÍCIOS DE AUTORIA<br />
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