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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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históricas. Trata-se, portanto, de uma classificação aberta. Não se pode dizer, por<br />

exemplo, que há vinte ou duzentos ou 2 mil gêneros diferentes em língua portuguesa<br />

no Brasil, pois esse número é flutuante, de acordo com as necessidades de interação<br />

da sociedade. Novos gêneros vão resultando de novas situações de interação:<br />

quem, há vinte anos, por exemplo, conhecia um blog, ou um chat? Ou, há setenta,<br />

conhecia um telejornal? É frequente que, para finalidades semelhantes, encontremos<br />

uma variedade de gêneros que atendam a pequenas alterações na relação entre os<br />

interlocutores, como um bilhete e uma carta comercial, ou no desenvolvimento da<br />

tecnologia, como uma carta e um telefonema, e assim por diante.<br />

Nessa perspectiva teórica de classificação de gêneros textuais, não deixa de ser relevante<br />

também a compreensão e explicação dos modos de funcionamento da linguagem<br />

em cada “formato” socioculturalmente constituído. As noções de certo e errado, no<br />

uso da língua, estão, dessa maneira, associadas ao gênero textual. A cada gênero<br />

diferente corresponde um nível de formalidade diferente: alguns gêneros admitem<br />

abreviaturas, por exemplo, outros exigem tratamento formal do interlocutor; alguns<br />

permitem gírias, outros admitem a construção de sentidos apenas sobre usos já culturalmente<br />

legitimados pela norma de prestígio. De outra forma, alguns gêneros<br />

exigem usos menos formais de linguagem, seja para manter a proximidade entre os<br />

interlocutores, seja para realizar outra estratégia de eficácia textual. A língua como<br />

código imbrica-se, assim, em exigências dos gêneros textuais que a cristalizam em<br />

variedades adequadas.<br />

Já que a língua é a matéria-prima do texto, as estruturas linguísticas utilizadas em sua<br />

superfície composicional 3 – a tradicionalmente chamada “face interna” do texto – são<br />

a base de classificação dos tipos textuais.<br />

4. Tipos textuais<br />

Enquanto os gêneros textuais são muito diversificados, porque atendem à grande<br />

variedade de situações sociocomunicativas, os tipos textuais são definidos por critérios<br />

linguísticos e classificados em um número restrito. No entanto, as duas classificações<br />

estão interligadas na própria produção de sentidos do texto.<br />

O fato de cada tipo de texto ser caracterizado pela predominância de determinadas<br />

marcas linguísticas de superfície (por exemplo, o emprego de certos tempos verbais:<br />

3. O termo “superfície composicional” é utilizado por Marcuschi (2002b) em seu artigo fundante sobre gêneros textuais.<br />

O TEXTO <strong>DISSERTATIVO</strong>-ARGUMENTATIVO<br />

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