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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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É preciso refletirmos sucintamente sobre a noção de texto e sobre por que ele ocupa<br />

um lugar fundamental e estratégico nas aulas de língua portuguesa. Antes, contudo,<br />

cabe salientar o lugar e a centralidade que o texto ocupa na sociedade, pois é ele que<br />

viabiliza a interação humana.<br />

Os desenhos esquemáticos que propunham a comunicação linear baseada na plácida<br />

relação emissor/receptor, em que a imagem do receptor, às vezes, é realmente posta em<br />

condição de passividade, dão lugar à interação, o lugar onde a linguagem se traduz em<br />

textos. É na relação com o outro, e só assim, que se torna viável a produção da escrita,<br />

uma vez que os textos não surgem adâmicos, mas são sempre respostas e prospecções<br />

em relação a outros textos e a outras pessoas (BENTO, 2013, p. 18).<br />

Os usos da linguagem são uma forma de agir socialmente, e a própria textualidade é<br />

uma condição que as línguas têm de só ocorrerem sob a forma de textos, que, por seu<br />

turno, manifestam-se heterogêneos, flexíveis e multifuncionais (ANTUNES, 2009).<br />

Com todas essas características, a produção de texto assume o caráter de “ponto<br />

de partida” e “de chegada” nos processos de ensino e de aprendizagem da língua<br />

(GERALDI, 1991).<br />

O texto em sala de aula permite, entre outros, um trabalho com o funcionamento<br />

autêntico da língua, com as diversas manifestações da variação linguística, com o<br />

funcionamento e definição de categorias gramaticas, com questões de leitura e compreensão<br />

e com as questões de gênero (MARCUSCHI, 2008). Esse rol de possibilidades<br />

talvez justifique a produção de textos como ponto de partida e de chegada no<br />

trabalho pedagógico com a língua.<br />

Essa posição central do texto na escola requer alguns cuidados no trabalho de avaliação<br />

das produções textuais feitas pelos estudantes. Parece-me que as formas de<br />

feedback com base nas práticas de correção (somente correção) não têm sido eficazes<br />

para formar escritores e leitores mais autônomos e mais capazes de realizar operações<br />

de avaliação e de intervenção sobre o que escrevem. Vejamos a seguir o papel que a<br />

produção de registros reflexivos pode exercer na formação de leitores e de escritores<br />

mais críticos e experientes.<br />

3. A prática de registros reflexivos na escola: uma<br />

possibilidade de avaliação formativa de textos<br />

Uma suposição plausível para o quadro desfavorável quanto às competências gerais<br />

apresentadas por estudantes do ensino médio pode ser a ausência de práticas de<br />

avaliação da própria escrita. A tradição escolar nos impregnou de vários ranços.<br />

<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />

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