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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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feita<br />

24. AVALIAÇÃO FORMATIVA, REGISTROS REFLEXIVOS<br />

E PRODUÇÃO DE <strong>TEXTOS</strong><br />

André Lúcio Bento*1<br />

Outro dia ouvi a história da cidade do interior onde só existe um restaurante e ele<br />

sempre fica fechado na hora do almoço e do jantar. Um restaurante que não se abre<br />

ao público na hora do almoço e do jantar não é um restaurante, pois não cumpre seu<br />

papel precípuo de lugar onde são servidas refeições nos momentos em que a maioria<br />

das pessoas se alimenta. Eu pensei: a escola, às vezes (e infelizmente), tem sido esse<br />

restaurante fechado na hora do almoço e do jantar. Vejamos o caso específico da<br />

proficiência de leitura: segundo dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica<br />

(Saeb), do Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado<br />

ao Ministério da Educação (MEC), apenas 5,34% dos estudantes concluintes<br />

12<br />

da 3ª série do ensino médio deixam a educação básica no estágio adequado. Ou seja,<br />

menos de 6% dos estudantes demonstram habilidades compatíveis com as três séries<br />

do ensino médio. No mesmo levantamento, observa-se que 37,2% dos estudantes são<br />

avaliados no estágio crítico (leem apenas textos narrativos e informativos simples)<br />

e que 52,54% estão no estágio intermediário (desenvolvem habilidades de leitura,<br />

mas aquém das exigidas para a série). O estágio muito crítico (não desenvolvem<br />

habilidades de leitura nem sequer compatíveis com o 5º e o 9º anos) corresponde a<br />

4,92%. Juntos, os níveis crítico e muito crítico alcançam 42,12%. Os dados revelam<br />

aspectos da proficiência de leitura, mas não devem ser tão distantes das competências<br />

referentes à escrita de textos.<br />

A pesquisa Projeto de vida: o papel da escola na vida dos jovens, 2 3<br />

com estudantes<br />

que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e obtiveram<br />

desempenho superior à média nessa avaliação, constata, na visão de especialistas em<br />

currículo, “ausência de habilidades na produção escrita, leitura e comunicação oral”<br />

e revela, também, que “o jovem não sabe usar textos – orais e escritos – em situações<br />

concretas de comunicação”. Esse levantamento, realizado no ano de 2014, não traz<br />

* André Lúcio Bento é doutor em Linguística pela Universidade de Brasília.<br />

1. Dados do ano de 2001, retirados de Oliveira e Rojo (Coords.) (2010).<br />

2. Pesquisa de responsabilidade da Fundação Lemann, apoiada pela organização não governamental Todos pela Educação, com diversos<br />

atores (jovens, especialistas, empregadores, entre outros).<br />

<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />

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