TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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15. A CONSTRUÇÃO DO ARGUMENTO COM<br />
FIGURAS RETÓRICAS EM <strong>TEXTOS</strong><br />
<strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong><br />
Luiz Eduardo da Silva Andrade*1<br />
São inúmeros os livros e manuais de redação que tratam o texto dissertativo-<br />
-argumentativo como uma tipologia marcada pela referencialidade da linguagem,<br />
em que se objetiva a apresentação e defesa de uma tese ou de um ponto de vista.<br />
Talvez exista a mesma quantidade de materiais apontando a figuratividade como um<br />
recurso meramente estilístico, tratado como incomum no uso da língua “utilitária”,<br />
típico dos gêneros literários.<br />
Apesar de serem noções bastante difundidas no senso comum das aulas de redação –<br />
confirmadas, inclusive, pelos referidos manuais –, basta uma leitura mais atenta das<br />
produções textuais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para verificar que na<br />
construção do argumento, em uma dissertação, podem ser utilizados diversos recursos<br />
da linguagem figurada, sem, no entanto, perder a unidade discursiva típica desse tipo<br />
textual. Dessa forma, é possível supor que essa produção textual contemporânea, se<br />
comparada às exigências de décadas atrás, é mais dinâmica e pode tanto transformar<br />
quanto expandir as concepções seculares da estilística e da retórica.<br />
A proposta deste texto é discutir as possibilidades de cruzamento entre a construção<br />
dos argumentos em textos dissertativos e o uso produtivo de figuras retóricas (ou de<br />
linguagem) nesse processo. O pressuposto de trabalho é uma noção bastante difundida<br />
nos meios escolares: a de que a tipologia em estudo visa à defesa de uma ideia, e,<br />
por isso, é preferível o uso de linguagem denotativa, em detrimento da conotativa.<br />
Entendemos que essa concepção não considera a riqueza e a função persuasiva das<br />
figuras retóricas, por isso levantamos a hipótese de que, mesmo em dissertações,<br />
o uso da linguagem figurada pode ser tão rico, ou mais rico que o sentido literal<br />
geralmente exigido.<br />
* Luiz Eduardo da Silva Andrade é professor da Rede Estadual de Educação de Sergipe e da Faculdade Décimo e mestre em Estudos<br />
Literários pela Universidade Federal de Sergipe.<br />
<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />
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