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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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9. ORIGINALIDADE E CONSCIÊNCIA DA ESCRITA:<br />

INDÍCIOS DE AUTORIA NA ARGUMENTAÇÃO<br />

EM <strong>TEXTOS</strong> ESCOLARES<br />

Anderson Luís Nunes da Mata*1<br />

O poema não é forma de bolo é barca de tolo<br />

(o tolo saúda o velho mar a seguir despede-se ou despe-se)<br />

Adília Lopes<br />

Um texto – qualquer texto – costuma ser avaliado, entre outros aspectos, por sua<br />

originalidade. Onde, porém, essa originalidade costuma ser encontrada? Para iniciar<br />

essa discussão, o enfoque será dado no binômio forma-conteúdo. Assim, por um lado,<br />

pensa-se na originalidade como uma qualidade ligada à forma: o texto é tão mais original<br />

quanto mais for inventivo, ou mesmo transgressor, em relação à sintaxe ou aos gêneros<br />

com os quais ele dialoga. É o enfoque no como se diz. Por outro, valoriza-se a abordagem<br />

de temas pouco usuais, ou, se na era da informação é difícil encontrar temas que já não<br />

tenham sido tratados, valoriza-se a originalidade das imagens ou informações reunidas<br />

para a discussão de um determinado tema, pelo fato de essas informações ou imagens<br />

trazerem em si novidades. É o o que se diz.<br />

No entanto, outro modo de se valorizar a originalidade pode ser encontrado na combinação<br />

entre forma e conteúdo. Reconhecendo-se que a separação entre as duas<br />

dimensões do texto é artificial, uma vez que elas estão sempre em correlação, o modo<br />

como os elementos ligados à forma auxiliam no arranjo das informações ou imagens<br />

para a construção de uma argumentação, descrição ou narração, por exemplo, pode<br />

ser o mais eficiente de se determinar essa originalidade. Como provoca Adília Lopes<br />

(2002), “O poema não é forma de bolo”.<br />

O que se encontra sob essa busca de originalidade é a noção de autoria. A originalidade<br />

pressupõe uma forma de elaboração que necessariamente tem um sujeito<br />

por detrás de si. O reconhecimento desse sujeito se dá, nesse contexto, pelo que ele<br />

pode apresentar textualmente como singularidade. Esta, por sua vez, constitui-se, a<br />

princípio, pelos indícios de autoria. Se um leitor é como um caçador, na comparação<br />

* Anderson Luís Nunes da Mata é professor da Universidade de Brasília e doutor em Literatura pela mesma instituição.<br />

<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />

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