TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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lógicos (raciocínio dedutivo), fatores psicológicos (conhecimento de mundo) e fatores<br />
sociológicos (contexto dos interlocutores), os quais influenciam, de alguma forma, a<br />
direção argumentativa dos sujeitos.<br />
Cometeria dois equívocos quem avaliasse um texto dessa natureza sem considerar a<br />
linguagem conotativa: primeiramente, porque reduziria a literatura a mero discurso<br />
representativo, sem qualquer apego à realidade; depois, porque limitaria a criatividade<br />
intrínseca a qualquer linguagem, neste caso, engessando a dissertação em uma lista<br />
de regras e características fechadas.<br />
A proposta aqui não é promover uma leitura colaborativa que apague as diferenças<br />
entre as tipologias textuais. O direcionamento sugerido é que sejam considerados<br />
mais elementos do que aqueles explicitamente dados na superfície textual. Apesar de<br />
ser tarefa improdutiva buscar as intenções do autor, certas combinações semânticas<br />
e sintáticas são capazes de fomentar um alinhamento crítico-ideológico para o texto.<br />
Se tais construções forem analisadas dentro de um contexto mais amplo, veremos que<br />
os implícitos do texto serão suficientes para encontrarmos o ponto de vista necessário<br />
ao tipo dissertativo-argumentativo.<br />
No caso das figuras retóricas, diante de seu uso na argumentação, entendemos que<br />
as suas marcas implícitas estão amparadas em dois vieses: o reforço de um ethos<br />
e a criação de um pathos, entre locutor e interlocutor. O ethos se refere ao caráter<br />
assumido pelo locutor para chamar a atenção e angariar a confiança do interlocutor.<br />
Nessa tarefa são utilizados conceitos, citações, exemplos, comparações, estatísticas<br />
etc.; já o pathos está ligado às tendências, aos desejos, às emoções do interlocutor,<br />
que poderão aparecer nas ideias trazidas tanto do senso comum quanto de um saber<br />
coletivo. A dinâmica textual operaria entre esses dois elementos, variando conforme<br />
a necessidade de o locutor persuadir o interlocutor e de acordo com os elementos de<br />
“prova” que tenha disponíveis.<br />
Antes de passarmos à análise de algumas redações, é necessário dizer que o uso<br />
das figuras retóricas é proporcional à qualidade da escrita. Não basta escrevê-las<br />
isoladamente. Concorrem para a construção de marcas autorais, juntamente com as<br />
figuras, a estruturação tipológica e temática, a competência gramatical e certa clareza<br />
de posicionamento crítico.<br />
<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />
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