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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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padrões nos orientam nas atividades comunicativas, na compreensão e na produção de<br />

textos. No entanto, como a vida social muda e as práticas de linguagem se modificam<br />

continuamente, esses padrões são apenas relativamente estáveis: alteram-se de acordo<br />

com as novas possibilidades e necessidades sociais. Por isso, há gêneros que caem em<br />

desuso (ex.: telegrama, telex) e gêneros novos que aparecem (ex.: e-mail, WhatsApp).<br />

Portanto, isso também são inúmeros os gêneros textuais coexistentes numa sociedade,<br />

já que são múltiplas as necessidades comunicativas das coletividades humanas.<br />

O autor considera que os gêneros funcionam como uma “gramática do discurso”, no<br />

sentido de que os membros de uma comunidade linguística aprendem, na convivência<br />

social, os gêneros de que precisam no seu dia a dia e acatam razoavelmente os padrões<br />

apreendidos. No entanto, Bakhtin (1992) explica que, embora essa gramática do<br />

discurso tenha “leis normativas”, suas leis são “mais maleáveis, mais plásticas e mais<br />

livres” do que as da gramática da língua. Se os gêneros são padrões relativamente<br />

estáveis, as leis que regulam sua configuração e seu uso têm de ser maleáveis e plásticas.<br />

As leis são normativas na medida em que só têm razão de ser se forem acatadas<br />

por toda a comunidade; mas são maleáveis e plásticas na medida em que precisam<br />

mudar conforme mudam os usos e costumes sociais e a tecnologia disponível para<br />

a comunicação.<br />

Além disso, lembra Bakhtin (1992, p. 302-303) que há sempre a possibilidade de se<br />

“confundir[em] deliberadamente os gêneros pertencentes a contextos diferentes”.<br />

Essa possibilidade é geradora de efeitos de sentido que podem servir a diferentes<br />

objetivos: há propagandas que se disfarçam de notícia para dar mais credibilidade<br />

ao produto que pretendem vender; há aulas que se parecem com shows de auditório,<br />

para envolver os alunos.<br />

Pode-se também, no plano do discurso, “confundir deliberadamente” os componentes<br />

e o estilo dos gêneros: i) reprocessando a organização típica (por exemplo,<br />

começando um editorial pela conclusão, ou então iniciando um romance pelo desfecho<br />

ou pelo meio da história e recuperar os episódios anteriores desordenadamente,<br />

seguindo os movimentos da memória de uma personagem); ii) buscando efeitos<br />

de sentido especiais pelo recurso à mistura de estilos ou a um estilo inusitado para<br />

determinada situação (por exemplo, num bilhete informal de agradecimento a<br />

um amigo por um favor prestado, pode-se empregar um ficar-lhe-ei para sempre<br />

penhorado, buscando produzir um efeito cômico).<br />

<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />

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