TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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da intertextualidade, do mesmo modo que a paráfrase, a transcrição e a variação, é aceito<br />
como originalidade por referendar no próprio texto o empréstimo da autoria, diferentemente<br />
do plágio (criminoso), no qual o elaborador do texto toma para si a palavra do<br />
outro sem reelaboração.<br />
2. Dizer ou não dizer: eis a questão<br />
Na perspectiva foucaultiana, a questão da autoria está relacionada às transformações<br />
formais do discurso, à circulação, à valorização, bem como à apropriação discursiva.<br />
Segundo Ducrot (1997), quando falamos, expressamos ao mesmo tempo conteúdos<br />
explícitos e conteúdos implícitos. Essas decisões estão no âmago da autoria. São consideradas<br />
conteúdos implícitos aquelas informações que não podem ou não devem<br />
ser ditas. No geral, o não pronunciamento do conteúdo implícito se deve, principalmente,<br />
às seguintes razões: i) tabus sociais; ii) necessidade do falante em não assumir<br />
a responsabilidade pelo que foi dito; iii) o direito de dizer um discurso não pertencer<br />
ao falante; iv) as circunstâncias não permitirem que se diga algo; e v) o fato de que o<br />
falante não quer dizer.<br />
Todas essas, além de outras razões, poderiam ser elencadas como motivos para se<br />
implicitar um conteúdo. É que a língua nos oferece possibilidades para a implicitação<br />
daquilo que não se pode, não se quer ou não se deseja dizer, ou seja, a língua nos<br />
permite transmitir algo sem efetivamente dizê-lo. Entre esses modos implícitos de<br />
expressão, situa-se a pressuposição, que é também uma decisão que confere autoria ao<br />
texto. Austin (1990) é defensor de que a pressuposição seja uma condição de emprego<br />
do próprio enunciado. Para esse autor, o enunciado é formado de itens identificadores<br />
que auxiliam na função informativa, fazendo com que o destinatário evoque<br />
conhecimentos de mundo, ou conhecimentos que o falante pressupõe compartilhar<br />
com sua audiência. Arruda-Fernandes (1997) destaca que, para que um enunciado<br />
cumpra sua função, há necessidade de que os referentes pressupostos por tais itens<br />
não só ajudem o ouvinte a localizar o item descrito, mas, principalmente, tenham um<br />
referente, pois este ajudará o ouvinte a localizar o item descrito.<br />
Austin (1990), também tratando da pressuposição, partiu da ideia de que todo o<br />
enunciado, por apresentar um significado, pode ser submetido às condições de verdade.<br />
Considerou a referência como indispensável à determinação da verdade ou da<br />
falsidade de um enunciado e denominou “proferimento vazio” os enunciados sem<br />
<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />
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