TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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13. A ARGUMENTAÇÃO PERSUASIVA<br />
Mônica Magalhães Cavalcante*1<br />
Na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a capacidade de<br />
desenvolver um texto bem argumentado é avaliada a partir de dois aspectos estreitamente<br />
relacionados: um composicional (estrutural), cobrado na Competência II<br />
da Matriz de Referência para Redação; outro configuracional (pragmático-retórico),<br />
cobrado na Competência III. Em ambos os aspectos da argumentação, o texto, evidentemente,<br />
precisa ter coerência. Todo texto só terá bom desenvolvimento argumentativo<br />
se for coerente, porém o inverso não se verifica em todos os casos, pois,<br />
para que se elabore um texto coerente e coeso, nem sempre se tem de recorrer a um<br />
dos aspectos da argumentatividade: sua estrutura composicional.<br />
Comecemos por alguns esclarecimentos importantes. Estamos lidando com uma<br />
noção de coerência em sentido amplo, e não apenas restrita às conexões internas,<br />
abstraídas das relações semânticas na materialidade do texto. Em sentido lato, a<br />
coerência é um princípio de interpretabilidade e supõe relações sociodiscursivas de<br />
produção e de uso, ultrapassando os significados das formas da língua e de suas ligações<br />
lógico-semânticas (do léxico, das construções frasais, dos segmentos cotextuais).<br />
A coerência tem, pois, um duplo funcionamento: é uma totalidade na qual todos os<br />
elementos formais e funcionais atuam num sistema de relações interdependentes<br />
para constituírem uma unidade pragmática de comunicação; e constitui ainda, ou<br />
principalmente, uma relação contextual com a situação em que o texto foi produzido.<br />
Não cabe à Competência III avaliar a coerência, embora dela não possa prescindir.<br />
Segundo a terceira Competência da Matriz de Referência para Redação, o participante<br />
deverá ser capaz de “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos,<br />
opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Isso significa dizer que<br />
qualquer investimento do participante na seleção e na organização das ideias deve<br />
estar direcionado para uma opinião central que será defendida. Essa opinião central<br />
é a própria tese. É exatamente a análise desses recursos mobilizados para argumentar<br />
em favor de uma tese que interessa a quem vai avaliar a Competência III.<br />
* Mônica Magalhães Cavalcante é professora da Universidade Federal do Ceará e pós-doutora em Linguística Textual pela Universidade<br />
Estadual de Campinas.<br />
<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />
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