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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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Como a redação do Enem é um texto curto, qualquer repetição se torna mais saliente,<br />

o que não significa que seja necessariamente problemática. O avaliador deverá se<br />

valer de sua sensibilidade linguística para distinguir a repetição promotora de coesão<br />

daquela que torna o texto cansativo, sem nuances. Além da repetição de termos, certas<br />

substituições por expressões equivalentes também podem ser pouco expressivas<br />

ou mesmo inadequadas ao conjunto do texto. É preciso avaliar em que medida as<br />

repetições são pertinentes, considerando-se a linha argumentativa do texto.<br />

Outra estratégia frequente na construção da coesão nominal são as retomadas feitas<br />

por pronome pessoal (“satélites” > “eles”), elipse (“há satélites” > “apesar de ∅<br />

terem”; “como ∅ precisam”), pronome indefinido (“todos têm antenas”), pronome<br />

demonstrativo (“o mesmo”). Nesses casos, cabe ao avaliador verificar se há clareza<br />

na retomada, se é possível relacionar os pronomes e elipses a seus antecedentes. Um<br />

problema previsível é o uso de verbos com sujeito elíptico que podem se referir a mais<br />

de um sujeito anterior ou que não se referem a qualquer sujeito expresso. Eles não<br />

têm sujeito sintático possível no texto. Por outro lado, é bom lembrar alguns usos<br />

consagrados de pronomes anafóricos que se fazem por silepse de gênero ou número,<br />

como a retomada de “a família” por “eles”, que não se pode considerar erro.<br />

Em geral, artigos definidos e pronomes (demonstrativos, indefinidos, possessivos)<br />

indicam que as informações marcadas por eles estão dadas no texto, mesmo que<br />

a expressão nominal usada ainda não tenha aparecido. Isso ocorre no exemplo com a<br />

palavra “Terra”, retomada por expressões marcadas por pronome indefinido (“outro<br />

corpo celeste”) ou artigo definido (“o planeta”). As expressões “corpo celeste” e “planeta”,<br />

mesmo não tendo sido introduzidas antes, podem ser relacionadas à Terra, já<br />

que esta pode ser categorizada como um planeta e como um corpo celeste. Processo<br />

semelhante se dá em retomadas do tema “satélite artificial”: “qualquer artefato” ><br />

“esses aparelhos” > “o aparelho”. Para entender esse tipo de cadeia referencial, é<br />

preciso reconhecer seus elementos como equivalentes no texto em que figuram.<br />

Um mecanismo interessante é a retomada que condensa e categoriza informações<br />

anteriores. No último parágrafo do trecho, uma palavra remete a toda a frase inicial<br />

e classifica o que foi dito como “episódio”. Se tivesse sido usada outra expressão –<br />

“essa aventura”, “esse delírio” ou “essa manobra política” – os efeitos de sentido<br />

seriam outros, implicando avaliações ideológicas acerca do lançamento do Sputinik<br />

e evidenciando determinada orientação argumentativa.<br />

Ainda no último parágrafo, algumas expressões requerem conhecimentos e interpretação<br />

do leitor para integrá-las ao universo semântico do texto e associá-las ao que já foi<br />

<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />

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