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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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(continuação)<br />

A nossa sociedade [...] é influenciada pelo que circula na mídia. Baudrillard [...] defende que nos<br />

tornamos reféns de necessidades criadas. [...] O Brasil deve fazer igual aos outros países, devemos<br />

oferecer proteção as nossas crianças por meio da regulamentação [externa] da publicidade<br />

infantil. Há necessidade de se questionar acerca das propagandas infantis no Brasil.<br />

É necessária a união entre família e escola para estimular a criança a ter um olhar crítico sobre as<br />

mensagens divulgadas diariamente pelas propagandas. Para isso, Os pais poderiam “boicotar”<br />

produtos relacionados a mensagens publicitárias inadequadas, uma boa alternativa para os<br />

pais seria não comprar estes produtos e para as escolas seria criar projetos que fomentem<br />

atitudes de consumo consciente.<br />

Excerto de redação do Enem 2014 (com alterações).<br />

No parágrafo introdutório do texto, os indícios de autoria surgem no conteúdo proposicional<br />

(DUCROT, 1997), que apela à memória coletiva do leitor em relação à<br />

existência do problema da influência midiática sobre o comportamento dos adultos,<br />

no uso da oração temporal “já faz muito tempo que se sabe o poder que as propagandas<br />

têm sobre as pessoas”. Esse conteúdo proposicional mostra um enunciador<br />

que conclama outros enunciadores a assumirem a responsabilidade do que foi dito.<br />

Trata-se, segundo Ducrot, de um ato ilocutório, pois o redator (falante), ao fazer suas<br />

escolhas lexicais, ou seja, ao dizer “já faz muito tempo que se sabe (o poder que as<br />

propagandas têm sobre as pessoas)”, transfere para o leitor (ouvinte) a obrigação de<br />

saber que a mídia influencia o comportamento de todos, não importando se adultos ou<br />

crianças. Para reafirmar sua tese, ainda no parágrafo introdutório, o locutor explicita<br />

outros conteúdos proposicionais que comprovam que os adultos agem em obediência<br />

às mensagens veiculadas pelos meios de comunicação, por isso acabam “sucumbindo<br />

a seus apelos”. É, então, o momento de evidenciar seu ponto de vista: lembra que a<br />

criança acaba sendo mais fácil de ser manipulada, pois é “mais imediatista”. Após<br />

comparar o comportamento do adulto e o comportamento da criança, o locutor toma<br />

partido da situação e novamente convoca o interlocutor a assumir a postura de alguém<br />

que se questiona “se é adequado dirigir propagandas às crianças.”<br />

No segundo parágrafo, o locutor, por meio de uma sequência de enunciados, introduz<br />

a voz de outros enunciadores (BAKHTIN, 1992), citando o Conselho Nacional de<br />

Autorregulamentação Publicitária (Conar) como o órgão que se propõe a normatizar<br />

a publicidade infantil. Por meio desse conteúdo proposicional, o locutor instaura no<br />

leitor a dúvida sobre as ações do próprio órgão regulamentador que se julga, do ponto<br />

de vista ético, autossuficiente “para normatizar a publicidade destinada às crianças”.<br />

Após essa informação, o locutor instaura a dúvida com um ato ilocutório de pergunta:<br />

“Isso seria verdadeiro?”. Assim, consegue engajar o próprio leitor do texto na ação<br />

A AVALIAÇÃO DOS INDÍCIOS DE AUTORIA<br />

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