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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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Um deles é que textos são produzidos para serem “corrigidos” pelo professor; textos<br />

são unicamente a “redação” que vale nota. Assim, esvai-se daquele que escreve a<br />

condição de primeiro leitor crítico do que ele próprio escreve. Também se reduzem<br />

as possibilidades que o outro (o outro estudante) pode ter no processo de avaliação.<br />

O registro reflexivo, o conjunto de anotações referentes ao processo de aprendizagem,<br />

pode significar uma saída para a formação de estudantes mais autônomos, críticos e<br />

conscientes dos processos que ocorrem quando são instados ao trabalho com textos<br />

na escola. O registro reflexivo não tem uma forma única, padronizada em termos<br />

estruturais. A função do registro é mais importante que a sua estruturação.<br />

Por meio de registros reflexivos, pessoas descrevem, por exemplo, o que aprenderam e<br />

como aprenderam aquilo que aprenderam num determinado período ou durante uma<br />

atividade. Mais do que isso: ao produzir (na modalidade oral ou escrita) os registros<br />

reflexivos de aprendizagem, sujeitos criam narrativas do seu próprio percurso de formação,<br />

registram suas dúvidas e inseguranças, o que corrobora para a reorganização<br />

da aprendizagem, além de levantar informações relevantes para o professor. Ao criar<br />

narrativas e descrições sobre as produções de textos, os estudantes acabam, paulatinamente,<br />

por tomar consciência do que fazem quando escrevem ou leem. E isso os leva<br />

ao aperfeiçoamento das práticas de escrita e de leitura.<br />

A produção de registros reflexivos sobre as produções de texto na escola favorece a<br />

formação de escritores, notadamente no que diz respeito aos processos subjetivos envolvidos<br />

na prática de escrita. Quando a escola estimula seus estudantes a descreverem<br />

ou a narrarem como eles escrevem (e o que escrevem), ela favorece a compreensão<br />

dos caminhos que cada pessoa, de forma idiossincrática, percorre quando se dá à<br />

tarefa de escrever. Esse processo pode ser produtivo para mostrar como se constitui<br />

a autoria, os aspectos que singularizam o texto de cada escritor. Além disso, o registro<br />

reflexivo pode possibilitar o estabelecimento de uma vinculação entre quem escreve<br />

e o texto produzido. Este último aspecto amplia o papel do texto na escola, pois ele<br />

não mais se resume à tarefa que redundará numa nota, e muito menos numa folha<br />

preenchida para a marcação dos erros cometidos. Na adoção dos registros, a escrita<br />

entra como prática social real na escola, e não como mera atividade para a prestação<br />

de contas no fim de um período letivo.<br />

Desse modo, trata-se a escrita como o processo que de fato ela é, e não apenas como<br />

uma tarefa escolar esporádica para o fito único da obtenção de notas e de menções.<br />

O registro reflexivo das produções de texto realizadas pelos estudantes estabelece um<br />

AVALIAÇÃO FORMATIVA, REGISTROS REFLEXIVOS E PRODUÇÃO DE <strong>TEXTOS</strong><br />

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