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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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escola, nas atividades de lazer, etc.) e estabelece em cada uma dessas comunidades<br />

um conjunto de múltiplas redes de interação (por exemplo, com seus chefes e colegas<br />

no trabalho, com seus professores e colegas na escola, com seus pares nas atividades<br />

esportivas, com sua roda de amigos, com seus parentes mais velhos ou da mesma<br />

faixa etária na família, e assim por diante).<br />

Pelo fato de sua vida social e cultural ser assim diversificada, o falante vai constituindo<br />

um repertório linguístico igualmente diversificado, ou seja, todos os falantes dominam<br />

sempre muitas variedades da língua. Daí dizer-se que todo falante é um poliglota em<br />

sua própria língua.<br />

Em suma, a língua, em decorrência da heterogeneidade quase infinita da vida social, é<br />

altamente diversificada no interior da sociedade que a fala; e cada falante, no interior<br />

dessa sociedade, é também altamente diversificado do ponto de vista linguístico: domina<br />

não apenas uma, mas muitas das variedades sociais da língua em razão de estar envolvido<br />

em muitas comunidades de prática que albergam múltiplas redes de interação social.<br />

Toda essa realidade linguística heterogênea que caracteriza a sociedade e o falante<br />

é extremamente dinâmica. Como a sociedade muda continuamente, também as<br />

variedades sociolinguísticas vão passando por mudanças lentas e contínuas. Nesse<br />

sentido, nenhuma variedade é estática.<br />

Também o repertório sociolinguístico do falante não é estático. Ele se altera e se amplia<br />

à medida que se alteram e se ampliam suas experiências de vida. Como exemplo,<br />

basta lembrar o impacto amplificador que o processo de alfabetização e letramento<br />

tem sobre o repertório linguístico de qualquer falante.<br />

A entrada no universo da cultura escrita e o progressivo envolvimento com as práticas<br />

sociais de leitura e escrita não só ampliam exponencialmente o conhecimento, como<br />

também o acesso e o domínio das variedades linguísticas próprias da língua escrita<br />

ou correlacionadas com todo o universo da cultura letrada.<br />

Um dado que não podemos perder de vista é que o falante, à medida que vai construindo<br />

seu heterogêneo perfil sociolinguístico, vai também desenvolvendo a capacidade<br />

de fazer uso adequado das variedades que domina. Nesse sentido, o falante<br />

vai adquirindo a capacidade de selecionar a variedade que melhor se ajusta a cada<br />

evento interacional, atendendo assim as expectativas sociais.<br />

A sociedade vai criando historicamente expectativas quanto à variedade linguística que<br />

pode ou deve ocorrer em diferentes situações. Por isso é que o saber linguístico envolve<br />

A MODALIDADE ESCRITA FORMAL DA LÍNGUA<br />

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