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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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“embora”, “porque”, entre outros cuja função é ligar diferentes partes do texto<br />

(orações, períodos, parágrafos), conferindo a elas uma interpretação particular.<br />

Ora, operadores e conectivos argumentativos são parte importante de uma estratégia<br />

retórica mais geral de persuasão e/ou convencimento, cabendo aos primeiros<br />

o estabelecimento de sequências linguísticas contrastivas, isto é, sequências que<br />

contrastam força argumentativa entre si, geralmente em ordem crescente e gradativa,<br />

e aos segundos, o estabelecimento de sequências linguísticas analíticas, isto é,<br />

sequências linguísticas que estabelecem entre si relações lógicas de causa, efeito,<br />

consequência, explicação etc. Dominar a técnica e saber o uso desses elementos<br />

é condição necessária para fazer valer pontos de vista e opiniões e para defender<br />

teses e articular argumentos. A propriedade do emprego e a diversidade do uso<br />

de operadores argumentativos e conectivos lógicos na condução do ponto de vista<br />

sobre algum fato ou acontecimento, ou na condução do conhecimento que se quer<br />

expor sobre algum tema ou assunto, são propriedades que se espera encontrar em<br />

um bom texto dissertativo-argumentativo.<br />

Obviamente, a propriedade do emprego e a diversidade do uso de operadores e<br />

conectivos dizem respeito às características macroestruturais do texto. Em outras<br />

palavras, as características dos elementos microestruturais são determinadas pelos<br />

aspectos macroestruturais do texto. Por isso, a avaliação das características microestruturais<br />

– neste caso, os operadores argumentativos e conectivos lógicos – é<br />

realizada levando-se em consideração as características macroestruturais – neste<br />

caso, o padrão dissertativo-argumentativo.<br />

1. A construção da argumentação<br />

A argumentação se localiza no centro da concepção antiga de retórica. Na Antiguidade<br />

Clássica, a retórica correspondia à arte de bem dizer, representando uma técnica<br />

normativa da fala. Representava um exercício público em que o orador se dirigia a<br />

um contraditor na presença de uma plateia hostil às suas ideias. Após o declínio do<br />

seu prestígio na escola, a retórica reaparece refundada como argumentação em trabalhos<br />

como os de Chaïm Perelman e Oswald Ducrot. Perelman trata a argumentação<br />

como ato de persuasão, cujo objetivo é influenciar o interlocutor. A argumentação,<br />

ao contrário da lógica, tem, assim, caráter subjetivo e particular, dirigindo-se a uma<br />

plateia, procurando atingir os sentimentos e as vontades.<br />

A AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE OPERADORES E CONECTIVOS <strong>ARGUMENTATIVOS</strong><br />

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