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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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especialmente). Mas os céticos não acreditam nos argumentos dos defensores da tese<br />

dominante. Para eles, por um lado, só o tempo mostrará que estão certos (o planeta<br />

vai esfriar, e não aquecer ainda mais).<br />

Outra maneira de se defenderem é atacando: afirmam que os argumentos dominantes<br />

não são confiáveis. Essa é, aliás, uma estratégia comum na argumentação, especialmente<br />

nas polêmicas: por um lado, apresentar seus argumentos; por outro, tentar<br />

enfraquecer, ou mesmo destruir, os dos outros.<br />

Como os argumentos de autoridade têm algum peso, o ataque à autoridade do outro<br />

é frequentemente utilizado. Por exemplo: dizer que o adversário é imoral, que já foi<br />

condenado, que é despreparado, que não publicou muitos artigos. Acredita-se que<br />

enfraquecer o locutor é uma forma de enfraquecer seus argumentos.<br />

Consideremos mais de perto outro exemplo complexo e polêmico, o debate sobre<br />

terceirização, que acaba de ser votado na Câmara dos Deputados. Como em todas<br />

as polêmicas, há pelo menos duas posições que se opõem. Em geral, também, cada<br />

uma dessas posições se sustenta em argumentos auxiliares, que visam a dar conta de<br />

questões específicas. No caso as duas posições são “contra/a favor” da terceirização.<br />

O argumento básico de quem é contra é que essa lei torna (mais) precária a situação<br />

dos empregados. A tese é sustentada por um cálculo do salário que os terceirizados vão<br />

receber. Um exemplo: se um patrão gasta R$ 2.000,00 mensais com um empregado<br />

e se considera que esse gasto é muito alto, pode contratar outro de uma empresa<br />

fornecedora de mão de obra. Ele quer gastar menos do que R$ 2.000,00 por mês. Por<br />

outro lado, a empresa que fornecerá o novo empregado também quer lucrar. Digamos<br />

que o patrão quer gastar no mínimo R$ 100,00 a menos e que o novo fornecedor do<br />

empregado quer ganhar pelo menos R$ 100,00 pelo contrato. O resultado é que o<br />

novo operário vai custar no máximo R$ 1.800,00, ou seja, a diferença de R$ 200,00<br />

sai do salário do empregado (distribuído por diversos itens: contribuição menor para<br />

o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para o Fundo de Garantia do Tempo<br />

de Serviço – FGTS, gasto menor com suas férias e décimo terceiro salário etc.).<br />

O argumento básico de quem é a favor da terceirização tem sido que a nova lei vai<br />

regularizar situações irregulares (em geral, não são mencionadas). Um argumento é<br />

que a lei vai aumentar o emprego, isto é, o número de novas vagas. Quem é contra diz<br />

que, se isto ocorrer, a razão é a diminuição do custo de cada empregado. Outro argumento<br />

repetido por quem defende a nova regra é que ela permitirá (obrigará?) maior<br />

especialização da mão de obra. É que a lei determina que cada empresa fornecedora<br />

ARGUMENTAR<br />

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