TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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o confronto de perspectivas entre as duas posições enunciativas supracitadas. Assim,<br />
ao primeiro enunciador, é possível atribuir a asserção Deve-se proibir uma empresa<br />
de anunciar seus produtos [ao público infantil]; e, ao segundo, a negação dessa<br />
asserção. A negação da asserção atribuída ao primeiro enunciador, e consequente<br />
defesa da tese contrária, é justificada por argumentos apresentados no restante do<br />
parágrafo, inclusive pelo argumento de que as empresas necessitam de consumidores<br />
para se manter, introduzido pela conjunção “pois”. A conclusão, encabeçada pela<br />
expressão consecutiva “Assim sendo”, decorre, então, da formulação dos argumentos<br />
que vão em direção a cada posição enunciativa. Trata-se de uma proposta que visa<br />
à conciliação dos dois pontos de vista confrontados.<br />
Por último, o trecho a seguir é um bom exemplo do como o emprego adequado e a<br />
diversidade dos recursos linguísticos constroem a argumentação.<br />
Exemplo 3<br />
Inúmeros pesquisadores afirmam que os anúncios publicitários interferem de maneira poderosa<br />
na mente das pessoas. Isso aparece nos efeitos negativos que eles têm sobre os consumidores,<br />
assim como também na própria história mundial, no momento em que houve a utilização da<br />
propaganda como instrumento de manipulação da opinião pública para garantir o apoio a<br />
regimes ditatoriais durante a Segunda Grande Guerra.<br />
Se as armadilhas das propagandas e campanhas publicitárias têm o poder de manipular de<br />
forma negativa a opinião das pessoas, nas crianças tal poder é ainda maior, pois elas são<br />
frágeis e suas personalidades ainda estão em formação, o que facilita sua alienação e seu<br />
deslumbramento com os encantos da publicidade.<br />
A tomada da posição enunciativa ocorre com a aplicação da lei lógica “se P então Q”.<br />
O raciocínio ocorreria mais ou menos da seguinte forma: se os adultos são vulneráveis<br />
aos artifícios das propagandas e campanhas publicitárias, então a vulnerabilidade<br />
da criança seria ainda maior. Tal raciocínio se apoia na premissa implícita de que<br />
as crianças seriam mais vulneráveis do que os adultos. A vulnerabilidade da criança<br />
é justificada pelo argumento introduzido pelo conectivo pois, que estabelece uma<br />
relação de causalidade entre a premissa implícita e o raciocínio lógico “se P então Q”.<br />
Aproveitando as palavras do texto, chega-se ao seguinte pensamento: se os adultos<br />
são vulneráveis às armadilhas das propagandas e campanhas publicitárias, então a<br />
vulnerabilidade da criança seria ainda maior, pois são frágeis e suas personalidades<br />
ainda estão em formação. A presença do operador de pressuposição “ainda” reforça<br />
o pensamento de um conhecimento passado sobre o fato de a personalidade precisar<br />
ser formada, o que é mais um argumento para a fragilidade da criança perante a<br />
exposição aos artifícios das propagandas e campanhas publicitárias.<br />
<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />
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