TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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Vejamos agora um exemplo do tipo argumentativo.<br />
Exemplo 5<br />
Fazer pesquisa crítica envolve difíceis decisões de cunho ético e político a fim de que, não<br />
importa quais sejam os resultados de nossos estudos, nosso compromisso com os sujeitos<br />
pesquisados seja mantido. A questão é complexa por causa das múltiplas realidades dos<br />
múltiplos participantes envolvidos na pesquisa naturalística da visa social. Por exemplo, no<br />
projeto de pesquisa de referência neste artigo, havia um componente que envolvia a observação<br />
participante da sala de aula, isto é, a observação à procura das unidades e elementos<br />
significativos para os próprios participantes da situação.<br />
(KLEIMAN, 2001, p. 49)<br />
Como se pode observar, o tipo expositivo se caracteriza por enunciados de identificação,<br />
caracterização e ligação de fenômenos, em que predominam os verbos no presente<br />
acrescidos de grupos nominais (adjetivos e substantivos). A expressão “reflete outro<br />
aspecto característico desses apps” fornece um elemento de identificação dos apps,<br />
que é “A forma temporária como tratam os vídeos criados”. O uso da forma verbal de<br />
presente confere estabilidade à caracterização. O verbo de ligação em “fica registrado<br />
para a eternidade (e tem potencial de se transformar em viral)”, usado para estabelecer<br />
uma ligação com grupos nominais, é associado a outra característica estável<br />
por meio do conectivo aditivo. A estratégia discursiva de comparação “Nisso, eles se<br />
assemelham a outro app de sucesso” também caracteriza a construção de um novo<br />
conhecimento por meio da exposição. A estratégia de comparar a nova informação<br />
com outra já dada é recurso amplamente utilizado no tipo expositivo.<br />
Podemos perceber alguma semelhança entre o tipo descritivo, ilustrado no exemplo<br />
(1) da seção anterior, e este, o tipo expositivo. Partilham ambos a desvinculação com<br />
uma forte articulação temporal entre as informações. No desenvolvimento de uma<br />
sequência expositiva, podemos observar que a produção de sentidos nesses dois<br />
tipos depende mais de ligações entre estados de coisas, propriedades e fenômenos do<br />
que entre sequenciação de acontecimentos. A dimensão de temporalidade apenas se<br />
torna relevante se, inserida no tipo expositivo, a sequência narrativa de algum evento<br />
é tomada como propriedade do fenômeno a ser exposto. No entanto, apesar de se<br />
aproximar da descrição em uma visão do referente desvinculada de características<br />
temporais, a exposição tem como tema ideias, conceitos ou fenômenos, diferentemente<br />
da descrição, que tem como tema coisas, pessoas ou situações.<br />
Como, nas nossas práticas sociais e culturais, o tipo expositivo é o mais indicado<br />
para informar ou para explicar relações entre processos ou acontecimentos, gêneros<br />
<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />
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