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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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linguísticas típicas dos grupos sociais que, por terem tido historicamente acesso a<br />

todos os níveis de escolaridade (inclusive a universitária), assim como aos bens da<br />

cultura escrita, têm alto grau de letramento (dominam fluentemente as práticas sociais<br />

de leitura e escrita). Entre esses dois polos, há uma gama de variedades correlacionadas<br />

com os diferentes graus de letramento dos respectivos grupos sociais.<br />

Inter-relacionando esses dois contínuos, adquirimos condições de explicar a polarização<br />

sociolinguística do Brasil. As variedades que constituem o chamado português<br />

culto são as que estão mais próximas do polo urbano e do polo do letramento. Ou seja,<br />

o português culto reúne as variedades linguísticas da população tradicionalmente<br />

urbana e com acesso histórico à plena escolaridade e aos bens da cultura escrita.<br />

Já o chamado português popular reúne as variedades linguísticas da população de<br />

raiz rural e que historicamente teve pouco ou nenhum acesso à escolaridade e aos<br />

bens da cultura escrita.<br />

Podemos também entender por que os falantes do português culto estigmatizam tão<br />

fortemente os falantes do português popular do Brasil: a variação linguística, numa<br />

sociedade historicamente dividida como a nossa, é tomada como o mais pesado fator<br />

de discriminação positiva (“nós”) e negativa (“eles”) dos grupos sociais.<br />

Os estudos sociolinguísticos mostram ainda que, entre as muitas características que<br />

distinguem as variedades desses dois grandes grupos do português do Brasil, a mais<br />

forte é a frequência com que cada grupo faz a concordância verbal, desde os percentuais<br />

mais baixos no extremo rural e na oralidade até os mais altos no extremo oposto,<br />

passando por um gradiente de progressivo aumento de frequência desse particular<br />

fenômeno sintático.<br />

Por fim, temos de considerar que, em qualquer ponto em que os falantes estejam<br />

desses dois contínuos, dependendo da situação interacional, eles monitoram, em<br />

graus variados, sua expressão linguística. Há, portanto, um contínuo da monitoração<br />

(ou seja, de graus de atenção à forma da expressão) que atravessa os outros dois.<br />

Em decorrência, existem variedades próprias de situações que exigem do falante<br />

alto grau de atenção e controle da forma como se expressa (a escrita de uma tese<br />

universitária, ou um pronunciamento presidencial pelo rádio e pela televisão, por<br />

exemplo); e outras típicas de situações mais distensas, mais coloquiais (um e-mail<br />

entre amigos, ou um bate-papo entre colegas de trabalho na hora do cafezinho,<br />

por exemplo).<br />

<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />

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