TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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o imperfeito, para o tipo descritivo; o imperativo para o tipo instrutivo; o perfeito<br />
para o tipo narrativo etc.) não deixa de ter suas raízes mais remotas em aspectos de<br />
sua dimensão contextual (ANTUNES, 2009, p. 209-210).<br />
Tomemos dois pequenos fragmentos como exemplos para substanciar a reflexão a<br />
respeito dos modos de organização textual.<br />
Exemplo 1<br />
No endereço dos Beauregard encontro uma casa de janelas fechadas, sem sinal de vida. É uma<br />
construção modesta, quase colada aos seus dois vizinhos, num renque de sobrados trigêmeos<br />
que só pelas cores se distinguem entre si. O deles é ocre com venezianas verdes de madeira,<br />
sendo central a janela do segundo andar, e a do rés do chão deslocada para a esquerda em<br />
simetria com a porta.<br />
(BUARQUE, 2014, p. 82)<br />
Exemplo 2<br />
Pouco antes daquela data, numa esquina a cem metros da minha escola vi grupos descendo<br />
dos bairros elegantes rumo ao centro da cidade. Resolvi acompanhá-los por desenfado, já<br />
que, depois de uma palestra no centro acadêmico sobre o embargo a Cuba, tinha assistido<br />
duas horas de aula de alemão e a de literatura francesa eu podia dispensar por adiantado na<br />
disciplina.<br />
(BUARQUE, 2014, p. 47-48)<br />
Reconhecemos com facilidade que o exemplo (1) realiza uma descrição e o exemplo<br />
(2), uma narração. São formas de organizar textualmente os sentidos com as quais<br />
estamos familiarizados nas nossas práticas de leitura (e de ensino).<br />
Ao observar o uso dos verbos nos dois fragmentos, percebemos que no primeiro denotam<br />
mais estaticidade. No segundo, os verbos conferem maior movimento aos acontecimentos.<br />
Relações de temporalidade são mais relevantes no segundo fragmento, na<br />
narração. Na descrição, é a espacialidade que predomina sobre a temporalidade: são<br />
comuns as expressões que indicam lugares e características, como “No endereço” e “É<br />
uma construção modesta”. No exemplo (2) há várias expressões que põem em sequência<br />
os acontecimentos: “já que, depois de uma palestra” e “resolvi acompanhá-los”.<br />
Ao mencionar um acontecimento depois de outro que tinha ocorrido, o tempo verbal<br />
fornece essa pista: “tinha assistido”.<br />
A análise de outros exemplos de descrição e de narração nos mostraria que na descrição<br />
há predominância de expressões nominais, como substantivos, adjetivos e verbos nas<br />
<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />
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